(da Redação)
Uma das maiores falácias da humanidade é a ideia de que ela não tem o poder de afetar a biosfera global. Pode construir arranha-céus, consegue superar barreiras da tecnologia, isso tudo bem, mas alterar os fundamentos do sistema natural e as estruturas do planeta?
Mesmo assim, em 1989, o fundador da 350.org e escritor Bill McKibben declarou que a ideia de natureza como a conhecemos acabou, em boa parte por causa das emissões humanas de gases causadores do efeito estufa. Esses gases não podem ser vistos na superfície (à exceção do ozônio ao nível do solo), mas o mundo testemunha o cada vez mais rápido impacto negativo da sua presença. As calotas polares estão derretendo a ritmos inéditos, a acidez do oceano foi fundamentalmente alterada, os ciclos climáticos estão cada vez mais imprevisíveis e intensos.
No entanto, os humanos estão aprendendo depressa que isso precisa parar. Não somente porque estão comprometendo sua saúde e bem-estar individuais, mas porque espécies de animais e vegetais estão sendo extintas no mundo todo. Cinquenta e dois por cento da vida selvagem do planeta desapareceu nos últimos 40 anos e cientistas afirmam que este ritmo de extinção é mil vezes maior que o normal.
As coisas estão afundando depressa e muitos acreditam que o planeta enfrenta um sexto período de extinção em massa. A boa notícia é que ainda há tempo de desacelerar a extinção de espécies e todos podem contribuir para tirar da beira do abismo animais como o tubarão, o orangotango, o elefante e muitos, muitos outros.
O primeiro passo na corrida contra a extinção é aprender como ações individuais estão causando essa perda de espécies. As informações são do One Green Planet.
1. A indústria de óleo de palma
Se a agropecuária é a desgraça das florestas tropicais da América do Sul, as produções de óleo de palma são a desgraça da Indonésia. Se trata de um óleo vegetal que é encontrado em cerca de 50% dos produtos de consumo. A cada hora, cerca de 300 campos de futebol são devastados para novas plantação da palma, o que faz do produto um dos mais discretos, porém destruidores, ingredientes do planeta.
A maioria das produções de óleo de palma no mundo estão localizadas nas ilhas de Borneo e Sumatra. Combinadas, as duas são incríveis ambientes para a biodiversidade, mas muitas espécies locais estão ameaçadas pela produção do óleo. O orangotango é a mais conhecida vítima. Especialistas afirmam que eles estarão extintos nos próximos 25 anos se as atuais taxas de produção do produto continuarem. Outras espécies, como o elefante pigmeu, o tigre de Sumatra e rinoceronte de Java também são fortemente ameaçados por essa monocultura.
Apesar da destruição ocorrer em partes distantes do mundo, o óleo de palma vai parar em muitos produtos comprados nos países industrializados, como o Brasil, em lanches, cosméticos, produtos de limpeza de roupas, etc. Sempre que alguém compra algo feito com óleo de palma, está pagando pela extinção. Quando você escolhe uma outra alternativa, pode estar salvando uma vida.
2. A pesca comercial
Outro hábito relacionado às escolhas alimentares, a pesca é um grande impulso à extinção de espécies marinhas. Cerca de 80% das populações de peixes no mundo todo estão sendo exploradas intensamente e 90% dos grandes peixes predadores (incluindo tubarões, peixe-espada e o atum-rabilho) desapareceram. Especialistas estimam que até 2048, todas as populações de peixes selvagens estarão em estado de colapso.
Com a diminuição das populações de peixe e o aumento da demanda, pescadores usam redes de arrasto, dispositivos extremamente destrutivos que capturam toda e qualquer criatura viva em seu caminho. Muitas espécies animais que não eram procuradas acabam sendo presas na rede. Essas capturas acidentais constituem até 40% de toda a pesca marinha. Tubarões, golfinhos, tartarugas marinhas e baleias são frequentemente capturados, contribuindo bastante para o declínio de suas populações.
Não só estão destruindo fontes de comida para a vida marinha, como também estão sistematicamente retirando dos oceanos animais saudáveis e matando-os.
Tirar os frutos do mar da sua dieta é uma grande ajuda na reconstrução dos ecossistemas marinhos. Se você passar um ano sem comer peixes e outros animais do mar, você pode estar salvando mais de 225 peixes e 151 crustáceos. Manter esses animais em seus ecossistemas nativos pode ajudar a salvar os oceanos do colapso.
3. O comércio de espécies silvestres
O comércio de animais silvestres tem um valor líquido estimado em 20 bilhões de dólares, mas a maioria das pessoas sequer sabe que ele existe. Traficando de tudo, de tubarões à presas de marfim e escamas de pangolim, esse comércio brutal está levando muitas das mais ameaçadas espécies a seu fim rapidamente.
A cada 15 minutos, um elefante é assassinado por suas presas. Neste ritmo, cientistas estimam que os elefantes estarão extintos da natureza nos próximos 20 anos. Cerca de 100 milhões de tubarões são mortos a cada ano e cerca de 75 milhões têm suas barbatanas amputadas para fazer sopa, uma iguaria na Ásia. Três rinocerontes são mortos a cada dia por seus chifres, que alguns dizem ter propriedade medicinais na medicina tradicional asiática; todos os estudos indicam que isso não é verdade. Nos últimos 10 anos, um milhão de pangolins foram retirados da natureza e mortos por suas escamas e carne.
Esses números são absurdos, mas dificilmente cobrem toda a gama e dano causado pelo tráfico de animais selvagens. Como as outras indústrias na lista, esta pode acabar quando as pessoas pararem de comprar placas, estátuas e jóias de marfim.
4. A indústria da carne
Todo mundo já ouviu falar de alguma dieta da moda. Parece que tudo hoje em dia é sem glúten, sem açúcar ou sem gordura. Mas você já parou para se perguntar se sua dieta também é sem extinção? Se você consome carne e outros produtos de animais, provavelmente não é. A nível global, a pecuária é responsável por 51% das emissões de gases do efeito estufa. Cerca de 26% da terra (de todo o planeta) é destinada para pasto de gado e outros 33% são usados para plantar os alimentos para os animais de fazenda. A Amazônia se tornou uma das principais regiões onde a ração de gado é produzida. As taxas de desmatamento aumentaram 29% devido à expansão da agricultura e uma área equivalente à Alemanha, à França, à Bélgica e aos Paises Baixos, situada na América do Sul, já virou plantação de soja. E não, não é soja para tofu, é soja para bois, galinhas e porcos. Um total de 55 milhões de hectares de florestas tropicais foi devastado em favor da agricultura animal.
Estima-se que 110 espécies de plantas, insetos e outros animais desaparecem todo dia devido à destruição da Amazônia. A onça-pintada, o lobo americano e o cavalo selvagem já pagaram com suas vidas e muitos outros animais terão o mesmo destino. A parte mais estranha disso tudo é que a maioria das pessoas sequer sabem que seus hambúrgueres e asas de frango estão causando toda essa destruição.
Eliminar carne da sua dieta pode lhe ajudar a cortar sua pegada ecológica em cerca de 50%.Diminuir a demanda por produtos animais diminui a quantidade de desmatamento necessária para dar espaço para mais animais e pasto.
Não há muito tempo até o planeta entrar nessa corrida contra a extinção, então, que fique claro: escolhas do dia-a-dia impactam o jogo. Agora, só depende de cada um.