O vazamento de ácido sulfônico na Serra Dona Francisca, em Joinville, na manhã de segunda-feira (29), paralisou o tratamento de água da cidade e acendeu um alerta para o contato com este produto.
A substância química é usada na fabricação de detergentes, xampus, limpadores, e até creme dental. No entanto, nestes produtos, o ácido é muito diluído. No caso do que vazou em Joinville, a concentração era muito maior, o que potencializa os efeitos.
Daniele Legat Albino, gerente do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC), explica que, o contato com a pele, olhos ou a ingestão do produto tóxico pode causar danos graves.
- Inalação: irritação das vias áreas
- Ingestão: queimaduras na boca, garganta e estômago
- Contato com os olhos: lesão ocular grave
Segundo a Defesa Civil, não há nenhum teor aceitável deste ácido na água.
Danos ao meio ambiente
O ácido sulfônico é usado na fabricação de produtos de limpeza, por exemplo, por sua capacidade de tornar óleos mais solúveis. Isso no meio ambiente, conforme explica Rodrigo de Almeida Mohedano, professor da engenharia sanitária e ambiental da UFSC, tem vários efeitos negativos.
— Para começar, ele é tóxico à vida aquática. Peixes, anfíbios, moluscos, organismos que vivem na água, vão sofrer porque essa substância altera as propriedades físico-químicas da água — explica.
O químico altera a tensão superficial da água, além de ser tóxica para os organismos. Outro efeito é a espuma vista sobre a água, que impede a transferência de oxigênio.
— Então, o oxigênio da atmosfera não consegue entrar na água, porque tem essa espuma fazendo uma barreira — afirma. — É uma coisa bem triste de se ver — finaliza.
Polícia Civil vai investigar
De acordo com o delegado-geral, Ulisses Gabriel, a Polícia Civil vai apurar as circunstâncias que causaram a situação e as possíveis responsabilidades penais. Já conforme a delegada Tânia Harada, responsável pela investigação, o local já foi periciado e a empresa responsável pelo transporte já está identificada.
A delegada informou ainda que será pedida uma perícia no caminhão e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) será oficiado para verificar eventual irregularidade no transporte da carga.
Tratamento de água paralisado
Por conta do vazamento do produto químico que estava sendo levado pelo caminhão, a prefeitura de Joinville e a Companhia Águas de Joinville instalaram um gabinete de crise e a Estação de Tratamento de Água (ETA) do rio Cubatão foi fechada preventivamente para a captação. Isso porque o rio Seco desemboca no Cubatão.
A medida tem como objetivo garantir a segurança dos consumidores e pode ocasionar interrupção no abastecimento de água em 34 bairros: Adhemar Garcia, América, Anita Garibaldi, Atiradores, Aventureiro, Bom Retiro, Boa Vista, Bucarein, Centro, Comasa, Costa e Silva, Distrito Industrial Norte, Dona Francisca, Espinheiros, Fátima, Floresta, Glória, Guanabara, Iririú, Itaum, Jardim Paraíso, Jardim Iririú, Jardim Sofia, Jarivatuba, João Costa, Paranaguamirim, Parque Guarani, Petrópolis, Pirabeiraba, Rio Bonito, Saguaçu, Santo Antônio, Ulysses Guimarães e Vila Cubatão.
O fechamento irá permanecer até que sejam finalizadas as análises químicas das amostras coletadas e que seja comprovado que não há risco para o consumo.
Peixes mortos são encontrados no rio
Diversos peixes foram encontrados mortos no Rio Seco após o local ser contaminado com ácido sulfônico. As águas ficaram tomadas por espuma nesta segunda-feira (29).
Os animais foram encontrados pela Polícia Militar Ambiental, que trabalha no local. Os agentes chegaram a concentrar alguns peixes, de diferentes tamanhos, em cima de pedras.
Fonte: NSC Total
