Duas vezes ao ano as cachorrinhas mudam radicalmente de comportamento. Ficam quietas, deitadas em um canto sem querer brincar e não comem direito, ou ficam muito eufóricas, loucas para fugir de casa e aproximar-se de um macho. Os dois casos são exemplos clássicos do período do cio, época em que o animal está pronto para cruzar e procriar. É nessa fase que os tutores devem ficar atentos para evitar uma gravidez indesejada.
Durante 14 dias, duração média do cio em cães, acontece um pequeno sangramento, que não é o mesmo que a menstruação feminina. Nos animais o sangue indica que o útero está pronto para receber o sêmen e gerar filhotes. A médica veterinária e professora da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Juliana de Oliveira, explica que o fluxo pode ser menor ou maior independentemente da raça ou do tamanho do animal. “Depende mais de como eram os fluxos da mãe e da avó da cachorrinha.”
Início
O primeiro cio começa por volta dos 6 meses de vida, mas pode variar para cada animal. Ele indica que a cachorrinha parou de crescer e está fisicamente madura. Em raças maiores, como a são bernardo, pode começar após 1 ano de idade. O cio acontece geralmente no meio do inverno e do verão, e, caso ocorra por mais vezes, pode ser um sinal de que a cachorrinha tem algum distúrbio hormonal ou ovário policístico. “Se ela estiver no cio e não sangrar, isso é considerado normal. O anormal é haver sangramento por mais de três semanas”, explica Juliana.
Com a corda toda
A administradora Priscila Meger é tutora da yorkshire Libélula, de 6 anos, que vive dentro de casa e morre de medo de outros cachorros. Toda vez que entra no cio muda drasticamente de comportamento. Em casa fica quietinha, acanhada, mas louca para sair. No começo, quando era filhote, Priscila colocava nela uma calcinha com um absorvente diário feminino, para que o sangue não ficasse pela casa. Hoje o fluxo reduziu e não precisa fazer isso com tanta frequência. “O cio dela não me atrapalha em nada. Já aprendi a conviver quando ela está nesses períodos. Por enquanto não pretendo castrar.”
Felinas ficam manhosas
A cada 21 dias as gatas entram no cio. Bem diferente das cachorras, as bichanas têm várias épocas propícias à cruza. A produção de óvulos depende da luminosidade, então os ciclos acontecem durante o verão. Mas, segundo a médica veterinária e professora da UEM Juliana de Oliveira, as gatas que ficam dentro de casa muito expostas à luz também podem ter cios durante o inverno.
As gatas não têm sangramento e, por isso, fisicamente não é tão simples perceber quando estão no período fértil. Mas, se o tutor prestar atenção no comportamento do animal, vai ver que elas ficam mais manhosas, sensíveis, passam a se esfregar nos móveis e miam de forma diferente.
Assim como nos cães, as vacinas de hormônio para interromper o cio não são aconselháveis por provocar doenças uterinas, como o câncer. A castração é a opção mais saudável e pode ser feita em qualquer fase da vida do animal.
Maria Freitas Leittner é tutora de cinco gatos – três machos e duas fêmeas. Uma delas, a Sofie, cruzou durante o último cio, no fim do ano passado, acabou de ter filhotes e assim que parar de amamentar será castrada. A outra, Samantha, já teve cria e passou pela castração. “Toda vez em que elas entravam no cio, levantavam o rabo, ficavam sapateando no chão e faziam muito barulho”, conta Maria.
Todas juntas
O cabeleireiro Richard Moreti é tutor de cinco animais, todas fêmeas. São duas cachorras, duas gatas e uma chinchila. A chow chow Pandora, de 8 meses, entrou no cio há pouco tempo e sangrou bastante. Seu comportamento muda e ela fica bastante carinhosa. Mesmo grande, quer ficar no colo o tempo todo. Assim como ela, a gata persa Paris, 3 anos, também fica mais sensível, passa a se esfregar em todos da casa e chega até a se aproximar dos outros animais. “Fica amorosa com todos, inclusive com a cachorra. Chegam a dormir juntas, gata e cachorra. Há dois meses eu tinha uma hamster e quando Paris entreva no cio, ficava grudada com ela, por incrível que possa parecer”, conta Moreti.
Fonte: Gazeta do Povo