Certamente existem pessoas que não se importam com os animais. No entanto, a maioria se importa e até zela pelo bem de alguns escolhidos e considerados como “especiais” por terem alguma característica que essas pessoas valorizam.
Contudo, quando divulgamos informação sobre o veganismo, isto é, que deveríamos ter consideração e respeito por *todos* animais, e não consumir, vestir e usar produtos animais, alguns dizem que isso desvaloriza o trabalho de pessoas que ajudam no resgate e cuidado de cães e gatos e, por isso, não deveríamos falar sobre a incoerência — já que o lógico seria cuidar de todos — de proteger uns e violentar outros com os nossos hábitos de alimentação, por exemplo. Também é dito que, ao promover o veganismo, nós estamos apontando o dedo para esses protetores e para outras pessoas.
Primeiro, não estamos apontando o dedo para ninguém e sim passando informação de que ao acharmos correto dar proteção a alguns, deveríamos, por consequência, achar correto proteger outros também. Além disso, essa não é uma questão de cunho pessoal, de apontar o dedo para as pessoas, mas sim a base do movimento de direitos animais porque, se direitos animais significa alguma coisa, significa, no mínimo, que deveríamos ajudar a todos adotando o veganismo. A mensagem pede reflexão sobre as nossas atitudes para com os animais, mas sem que haja julgamento pessoal.
Segundo, não diríamos que é apontar o dedo para alguém, se estivéssemos trabalhando pelos direitos das crianças e deixando claro, por exemplo, que é incoerente proteger crianças negras mas abusar de crianças brancas. Pensaríamos que é certo dizer para as pessoas que não há diferença moral entre crianças brancas e negras e que nenhuma delas deveria ser explorada, abusada ou usada meramente como recurso. E é isso que fazemos ao divulgar as questões relacionadas aos direitos animais.
Com certeza, é louvável ajudar e proteger cães, gatos e outros animais, e deveríamos fazer isso. Mas não podemos nos esquecer de que outros animais sencientes, como vacas, galinhas, porcos, peixes e todos os demais, não são moralmente distinguíveis desses animais que protegemos e amamos. Todos eles são sencientes e têm interesse em não sofrer e morrer desnecessariamente para satisfazer os nossos propósitos. E a senciência é a única característica necessária que um ser precisa para ter os seus interesses protegidos. Ele não precisa ser bonitinho, inteligente, ou coisas assim.
Se achamos errado torturar, abusar, explorar, impor dor e sofrimento em cães e gatos, deveríamos achar errado também impor violência em todos os outros. Assim, a informação é fundamental para o processo de mudança, e para que o objetivo de acabar com a escravidão legalizada de animais não humanos seja alcançado porque muitos ainda não sabem o que é direitos animais.
Na verdade, a informação sobre o veganismo pode ajudar muitas pessoas a verem a inconsistência de suas atitudes, porque se, por um lado, muitos dizem se importar com os animais, por outro, ainda continuam, através do consumo de produtos animais, a causar sofrimento, dor e morte. Dessa forma, quando nos conscientizamos sobre essas questões, deveríamos propagar a mensagem, na sua totalidade, através da educação vegana.
Sem dúvida, agradecemos aos que incluem alguns animais em sua esfera de consideração e os ajudam, mas sempre é bom lembrar que todos animais deveriam ser incluídos. Acredito que muitos, através da informação correta, podem mudar, porque não vão querer, em sã consciência, continuar a participar de tamanha injustiça e violência. Por isso, não podemos ter receio de ofender as pessoas com a mensagem vegana que é, acima de tudo, uma mensagem de paz; a paz clamada por muitos.
Fonte: Veggi & Tal