EnglishEspañolPortuguês

SAÚDE

Saiba como proteger os animais domésticos contra a nova varíola

Primeiro caso em animal no Brasil foi confirmado em Juiz de Fora; cachorro infectado após ter contato com o dono segue em observação

25 de agosto de 2022
4 min. de leitura
A-
A+
Ouça esta matéria:
Foto: Ilustrativa| Pixabay

Foi confirmado, nesta terça-feira (23), em Juiz de Fora, o primeiro caso da nova varíola em animal no Brasil. Trata-se de um filhote de cinco meses que conviveu no mesmo ambiente e teve contato com um caso humano confirmado. Como a nova varíola é uma doença zoonótica, a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG) informou que existe risco potencial de transmissão entre animais mamíferos, consequentemente, com os animais domésticos contraindo a varíola.

Sendo assim, a SES, junto ao Ministério da Saúde, divulgou nota orientando que pessoas com suspeita ou confirmação de contaminação evitem contato direto ou próximo com animais, sejam eles domésticos ou selvagens. Na nota também fica estabelecido que todo resíduo proveniente de pessoas contaminadas seja descartado de maneira correta, para evitar que fique acessível a roedores e outros animais.

Sintomas da nova varíola que merecem atenção de tutores

Em entrevista à Tribuna, o médico veterinário Rômulo Castro sinaliza quais são os possíveis sintomas da nova varíola nos animais que devem chamar a atenção dos tutores. Conforme a SES-MG, o filhote com a doença teve início dos sintomas no dia 13 de agosto, começou com prurido, apresentando lesões no dorso e no pescoço. Rômulo afirma que tais sintomas são muito parecidos com as lesões de pele convencionais, típicas de algumas raças de cachorro, como shitzu, labrador e shar pei, por exemplo.

“A lesões em pápula, pústula e crosta são sintomas de animais que têm alguma dermatite. Essas doenças de pele são cerca de 60% dos atendimentos que fazemos no consultório. O que o tutor tem que ficar de olho é se o animal estiver apresentando alterações generalizadas, como prostração, anemia, apatia e febre. Nesses casos é bom procurar um veterinário e realizar, se preciso, um exame mais aprofundado.”

Rômulo afirma que não há motivo para alarde, destacando a preocupação de que animais possam ser vítimas de violência ou abandono por medo da nova varíola. “Temos um bom indicativo nos países africanos, onde a doença é endêmica, de que ela não transita entre animais domésticos. Os maiores índices são em animais silvestres. Aqui no Brasil, acredito que também será assim.” O veterinário afirma que, para o animal, a doença não é tão agressiva e ainda não há vacina que a previna, no caso dos animais domésticos.

Cuidados com os animais são necessários

Por conta dessa varíola se tratar de uma variante nova, o médico infectologista Marcos Moura afirma que é necessário ter cuidados com os animais domésticos. “Os cuidados com os animais devem ser os mesmos que temos com o ser humano. Ele deve ficar isolado até que todas as feridas cicatrizem, o que pode levar de três a quatro semanas.”

Para o médico, é preciso também adotar medidas restritivas em casos humanos suspeitos ou positivos, para evitar que o animal tenha contato com o vírus. “A transmissão da varíola acontece pelo contato próximo às lesões da pele, por secreções respiratórias ou objetos usados por uma pessoa infectada. Como os animais têm uma relação muito próxima com os tutores, é preciso ficar atento para isolar esses pets e evitar uma possível infecção.”

De acordo com ele, até o momento, não foram notificados casos no qual o animal transmita o vírus da nova varíola para humanos ou outros animais, mas que é preciso ter cuidado. “Em caso de teste positivo, o animal precisa ficar isolado, inclusive de outros animais. Os vírus têm uma resistência muito grande na natureza. Em um ambiente contaminado, o animal estará disseminando esse vírus pelo ambiente e pode chegar a outras espécies.”

O caso

Segundo a SES-MG, o tutor do cachorro infectado também teve diagnóstico positivo para a nova varíola, com o início dos sintomas no dia 3 de agosto. Ele foi orientado pelo Município a manter o animal em isolamento e adotar medidas sanitárias para a rotina e a alimentação do cão, como o uso de luvas, máscara, blusa de manga comprida e calça para proteção da pele, bem como desinfecção da área com água sanitária.

Paciente infectado com a nova varíola e seu cão estão isolados em domicílio e passam bem, conforme informação da Regional de Saúde de Juiz de Fora. O único contato humano domiciliar do paciente com a nova varíola continua assintomático e segue em monitoramento.

Você viu?

Ir para o topo