Conhecida como hepatite infecciosa canina, a doença viral é causada pelo adenovírus canino (CAV-1), um tipo de vírus que provoca afecções de vários órgãos, principalmente fígado, rins, olhos e células endoteliais do animal, ou seja, as que revestem a superfície interior dos vasos sanguíneos. “O vírus entra no organismo do animal pelas narinas e boca, se alojando nas amígdalas por cerca de 4 a 8 dias. Em seguida, se espalha pela corrente sanguínea e se dirige para as células de Kupffer no fígado, causando replicação e sérios danos ao tecido hepático,” explica o Drº Marcelo Quinzani, médico veterinário e diretor clínico da rede de Hospitais Veterinários Pet Care.
Segundo o veterinário, durante a fase de infecção, o vírus acaba sendo eliminado nas fezes e na saliva, transmitindo então de um animal para o outro. “Nos cães que desenvolvem anticorpos contra esse vírus, não permitindo a instalação da doença, ele se aloja nos rins quando passa a ser eliminado na urina por 6 a 9 meses. Já em cães com resposta parcial dos anticorpos, é desenvolvida a hepatite crônica, que pode levar a lesões oculares, mais conhecidas como uveíte (olhos azuis da hepatite)”, completa.
Sintomas e tratamento
Cães com menos de 1 ano de idade são os mais susceptíveis a adquirir a virose. Os sintomas dependerão do estado imunológico do hospedeiro e também da fase em que a doença se encontra. “No início, o animal terá febre, perda de apetite, letargia (desânimo), vômitos e diarreia. Com a evolução da doença, pode ter dores abdominais, aumento do tamanho do fígado, icterícia (pele e mucosas amareladas) e alterações de coagulação com aparecimento de manchas na pele, hematomas, aumento dos gânglios e raramente, alterações neurológicas,” afirma o veterinário, que lembra ainda que quando o vírus já está em sua fase tardia, podem aparecer inflamações da córnea (ceratite) ou iris (uveíte).
O tratamento é sintomático, ou seja, dependerá da fase da doença em que o animal se encontra e das alterações que o vírus causou em seu organismo. Normalmente, é indicada a hospitalização para que o cão receba a fluido terapia venosa, reposição de eletrólitos e medicação para controlar o vômito e a diarreia. O uso de antibióticos fica restrito a avaliação do animal e suas complicações.
É importante também que o animal tenha um suporte nutricional, incluindo pequenas refeições frequentes. O cão precisa ser alimentado com suporte adequado de proteínas (proteínas de alto valor biológico). A quantidade dependerá da condição individual e do grau da lesão hepática.
Com relação a doença deixar sequelas no animal, o veterinário explica que isso dependerá do grau de desenvolvimento da lesão hepática. “Como o fígado tem uma grande capacidade de regeneração, espera-se que não se apresente sequelas,” afirma. Já as lesões oculares, quando ocorrem, podem deixar sequelas que vão desde o glaucoma até a perda definitiva da visão.
Fonte: DeFato