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MAPEAMENTO

Saiba como os satélites estão ajudando a proteger tartarugas-marinhas

6 de outubro de 2024
4 min. de leitura
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Foto: Evan Copper/Sea Turtle Conservancy

A Sea Turtle Conservancy (STC), organização sem fins lucrativos dos EUA, rastreia tartarugas-marinhas há mais de 20 anos, monitorando seus movimentos e padrões de migração. Eles fazem isso por meio de transmissores de satélite presos às costas de alguns indivíduos. Uma forma de rastreá-los acontece durante a Tour de Turtles, uma “maratona” com três meses de duração em que ganha a tartaruga-de-couro que nadar a maior distância. Oito fêmeas estão competindo este ano.

Uma delas, Donna Shello “tem pelo menos 20 anos, mas pode ter de 80 a 90 anos”, diz Daniel Evans, um biólogo pesquisador que trabalha na STC. “Atualmente, não há como identificar a idade de uma tartaruga-marinha viva.” Pelo que eles sabem até agora, ela tem posto entre 70 e 90 ovos cada vez que nidifica, e pode estar nidificando entre quatro e sete vezes em uma temporada de nidificação. “Com base em três temporadas de nidificação, ela pode ter posto entre 840 e 1.890 ovos desde que a encontramos nidificando pela primeira vez em 2020”, diz Evans.

Por meio do monitoramento, os pesquisadores identificaram que as tartarugas agora estão indo para lugares que normalmente não iam devido à baixa temperatura, mas que agora estão mais quentes. A maioria das espécies de tartarugas marinhas é sensível à temperatura, então as áreas do oceano para onde elas podem viajar são limitadas.

As tartarugas marinhas são consideradas uma espécie-chave, o que significa que são cruciais para manter a saúde geral de um ecossistema. As tartarugas-verdes, por exemplo, agem como jardineiras de recifes, pastando em bancos de ervas marinhas, o que ajuda a manter um ciclo de nutrientes saudável; as tartarugas-de-pente controlam populações de esponjas, permitindo espaço para o crescimento de corais; enquanto isso, as tartarugas-de-couro caçam águas-vivas, mantendo os números sob controle.

As tartarugas também são importantes transportadoras biológicas, carregando nutrientes marinhos para a terra e os deixando lá após a nidificação. Elas e seus ovos também são fontes importantes de alimento para outros animais. Seu desaparecimento pode criar uma série de impactos negativos nos ecossistemas marinhos e de praia. Atualmente, todas as espécies de tartarugas-marinhas estão ameaçadas de extinção. Seis são classificadas como vulneráveis, em perigo ou criticamente em perigo pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

Mariana Fuentes, bióloga de conservação marinha e professora associada da Florida State University, tem estudado o comportamento das tartarugas marinhas no oceano para identificar algumas das ameaças que elas sofrem, usando evidências científicas para informar o estabelecimento de áreas marinhas protegidas. “Acho que a telemetria por satélite tem sido uma das ferramentas que mais ajudou na conservação das tartarugas marinhas”, afirma em reportagem da BBC.

Usar satélites para rastrear tartarugas individuais já ajudou cientistas a identificar pontos críticos importantes, como áreas de forrageamento, corredores migratórios, áreas de reprodução e distribuição espacial. Combinar essas informações com dados como temperatura da superfície do mar, pesca e atividade de barcos e concentração de clorofila, um indicador da quantidade de fitoplâncton presente no oceano que influencia a nidificação, tem sido essencial para o trabalho de conservação. “Ele fornece informações sobre os movimentos das tartarugas e, então, você pode acoplar isso a outros dados para maximizar as informações sobre a exposição a estressores”, explica Fuentes.

Muitos rastreadores são controlados por um microprocessador programado por um computador antes de serem acoplados. As informações são enviadas para satélites em órbita polar, que então as realimentam para os pesquisadores. Os dados obtidos com rastreamento por satélite podem ser usados para ajudar a impulsionar a conservação das tartarugas marinhas. Um estudo de 2016 mostrou que isso já foi feito ao redor do mundo por meio de políticas de recuperação de espécies, fortalecimento do zoneamento de um parque marinho, regulamentações que restringem o uso de painéis verticais de redes de pesca, ou redes de emalhar, à noite, quando as tartarugas estão descansando, e um acordo entre quatro países para criar e proteger um corredor no Oceano Pacífico.

“O grande problema é que a grande maioria do nosso oceano é terra de ninguém”, diz Christine Figgener, bióloga marinha e fundadora da ong Costa Rican Alliance for Sea Turtle Conservation and Science.

“Nós realmente precisamos fazer muito mais no lado das migrações, porque na maioria dos casos, para adultos pelo menos, eles têm áreas de alimentação e nidificação muito distintas, e eles estão viajando entre elas de um lado para o outro. Como a tartaruga foi da Costa Rica para o Canadá? Ninguém saberia a menos que usássemos transmissores de satélite. Então, isso está realmente preenchendo as lacunas.”

Fonte: Um Só Planeta

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