Com o começo do fim da quarentena causada pela pandemia, muitos tutores estão enfrentando a volta ao escritório e quem sofre são os animais domésticos, que passam o dia inteiro sozinhos.

Com a volta ao trabalho presencial muitos guardiões e animais estão enfrentando um novo desafio no dia-a-dia, a crise de ansiedade por separação. Em entrevista para o G1, o especialista em comportamento animal Bruno Machado esclarece que “o excesso de aproximação neste período deixou os animais mais dependentes e agora no retorno da rotina normal de trabalho, onde as pessoas passam várias horas fora de casa, os cães vão sentir ansiosos porque não foram preparados para isso”.

Desde que o cachorro chega no novo lar é importante começar a ensinar o processo de socialização do animal, que apesar de ser diferente para cada família, deve cumprir com algumas diretrizes que vão garantir uma vida mais saudável e sossegada para o cão e o tutor. “O animal precisa entender que, em alguns momentos, ele estará com o tutor e em outros não, e tudo bem. Faz parte da rotina humana estar ausente de casa em determinados períodos e isso precisa ser ensinado”, explica Bruno.

Intervalar o tempo que o animal passa com o tutor e passa sozinho também é importante para treinar o animalzinho a ficar sozinho quando seu guardião vai trabalhar ou realizar atividades fora de casa. Cumprir com uma rotina que possibilite ao animal ter lazer e gastar energia, também é muito importante nesse processo. “A proposta é que os animais passem horas correndo e gastando energia física e mental em atividades direcionadas de forma enriquecedora”, afirma Bruno que também é especialista em Psicologia Canina.

A “humanização” e o excesso de atenção podem interferir na auto confiança e independência do animal, que mesmo frequentando espaços de lazer e recreação pode ser resistente as novas mudanças de rotina. A médica veterinária Nadja Leite esclarece que em alguns casos o animal não consegue ficar sozinho, gerando problemas de estresse e outros problemas de saúde. “Cães que sofrem de ansiedade por separação podem se lamber em excesso, roer e destruir móveis e objetos da casa, perseguir a própria cauda, latir e chorar insistentemente”, afirma.

A médica alerta que esse tipo de distúrbio se estende também aos gatos, que mesmo sendo mais independentes, sofrem com a ausência dos tutores, sendo observado mudanças no apetite, miados frequentes e também agressividade.

Procurar pela orientação de um profissional em situações como essa pode evitar o descontrole. “Ainda não conhecemos muito sobre o funcionamento do cérebro animal, mas sabemos que os cães necessitam de vida social, tanto quanto de comida e que precisam de uma rotina para ter um certo controle sobre o que vai acontecer”, alerta Bruno Machado.

Compromisso diário

A cachorrinha Marceline de cinco anos e sua tutora Isabela da Silva Santos encontraram o ponto de equilíbrio em uma rotina agitada e solitária para a pequena cachorrinha. “Ela é mais tranquila e eu não vivi essa questão home office. Antes da pandemia, eu já tinha o costume de deixá-la sozinha todos os dias. Minha profissão exige isso. O que faço para evitar sofrimento e dar vazão a essa energia, que ela também tem, é cumprir o nosso trato de sair sempre para passear. Logo que chego em casa, faça chuva ou faça sol, lá estamos nós indo até à rua”, contou Isabela em entrevista para o G1.

No cotidiano, é importante reservar um tempo para dedicar a essa necessidade de gastar energia dos animais domésticos, principalmente se o cachorro vive em apartamento e não tem a companhia de outro animal, pois isso pode garantir mais tranquilidade e satisfação na relação entre o animal e o tutor.

Avalie também proporcionar companhia para o seu cão, porém analise aspectos como os traços de personalidade do seu cãozinho, a relação dele com outros animais e a sua disponibilidade em ter mais um cachorro ou gato em casa.