Segundo o IBOPE, 8% da população brasileira se declara vegetariana — ou seja, são quase 16 milhões de pessoas que não comem carne no país. Mas, muitas incertezas ainda cercam o vegetarianismo e muitos interessados têm dúvidas sobre essa opção de vida. Veja alguns mitos e verdades sobre o vegetarianismo:
Vegetarianos têm falta de cálcio
Mito. Como a população, de forma geral, tem no leite a principal fonte desse nutriente, ao retirar os laticínios da dieta é fundamental manter os vegetais mais ricos em cálcio.
“Essa busca por cálcio em alimentos diferentes dos laticínios é comum, já que há uma quantidade considerável de indivíduos intolerantes à lactose no Brasil. Além disso, há no comércio opções de leites vegetais ricos neste nutriente”, explica Dr. Eric Slywitch, médico especialista em nutrologia.
Do ponto de vista nutricional, não é possível substituir a carne na dieta
Mito. Os nutrientes presentes na carne são encontrados em vários alimentos de origem vegetal. Mas é o grupo das leguminosas — feijões, lentilhas, ervilha, grão-de-bico, fava, soja e derivados — que vai fornecer os nutrientes principais, como proteínas, ferro e zinco, tudo isso sem crueldade e em harmonia com a natureza e os animais, explica a nutricionista Ana Ceregatti.
A proteína vegetal é diferente da animal
Verdade. A qualidade depende da fonte da proteína vegetal ou da sua combinação. Alguns alimentos podem apresentar teor baixo de um ou mais aminoácidos específicos, mas a combinação de alimentos de grupos diferentes fornece todos eles em boa quantidade.
Vegetarianos são mais saudáveis
Verdade. Avaliando estudos recentes, percebem-se menor risco e incidência de doenças crônicas não transmissíveis — diabetes, hipertensão arterial, obesidade, síndrome metabólica —, doenças cardiovasculares e câncer em indivíduos que mantém dieta vegetariana.
Resultados preliminares de estudo coordenado pelo Dr. Julio César Acosta Navarro, cardiologista do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, apontam a relação entre o consumo de carne e a maior prevalência de tabagismo, excesso de peso e doenças crônicas.
Ser onívoro (alimentação de origem animal e vegetal) foi associado com hipertensão arterial, independentemente do sexo e idade, e com dislipidemias (presença anormal de lipídios no sangue), independentemente do índice de massa corporal, tabagismo, sexo e idade.
Vegetarianos são sempre mais magros
Mito. Estudos populacionais mostram que os vegetarianos tendem a ser menos gordos do que os onívoros. No entanto, isso não significa que o vegetariano não seja saudável ou que não possa ficar obeso.
Entretanto, o consumo de vegetais é um fator facilitador para o controle de peso. Os alimentos de origem vegetal, na sua grande maioria, são mais volumosos e com menos calorias. Isso, por si só, auxilia muito na manutenção do peso, mas o tipo de preparo também influencia a ingestão calórica e de gordura.
Por isso, as recomendações são reduzir consumo de doces, evitar alimentos gordurosos ou fritos e priorizar o consumo de alimentos integrais.
Vegetarianos sempre precisam tomar vitaminas
Mito. A vitamina B12 é o único nutriente que pode estar ausente na dieta vegetariana estrita e precisa de suplementação. Segundo a nutricionista Paula Gandin, todos os produtos de origem animal são substituíveis, exceto a vitamina B12.
Assim, é necessário fazer suplementação — via oral, de preferência. É importante ressaltar que não se deve fazer por conta própria, mas com acompanhamento especializado.
Crianças não podem ser vegetarianas
Mito. As crianças devem receber exclusivamente leite materno até os seis meses. A partir daí, a introdução da alimentação complementar pode ser feita sem o uso de proteínas animais.
Para garantir o crescimento adequado, a dieta deve conter alimentos de todos os grupos, ser variada e em quantidade adequada à idade.
Vegetarianos não podem fazer esportes de alto rendimento
Mito. A história do esporte está repleta de atletas campeões vegetarianos, inclusive fisiculturistas. Dependendo da intensidade do esporte, o nutricionista indicará a melhor dieta.
Segundo a nutricionista especializada em nutrição funcional e esportiva, Paula Gandin, para o esportista, a alimentação deve ser variada, com cereais integrais, leguminosas, verduras, legumes, sementes e oleaginosas. O consumo deve ser equilibrado e é importante o acompanhamento profissional.
Vegetariano é quem não come carne
Em partes. O vegetarianismo diz respeito à alimentação e, essencialmente, o vegetariano é quem não come carne e nenhum alimento de origem animal (incluindo ovos e leite).
“Como há um número significativo de indivíduos que decidiram não comer carne, mas ainda consomem ovos e laticínios, convencionou-se chamar de vegetariano estrito, ou vegano, quem não come nada de origem animal, sendo que os demais são categorizados por sua dieta: ovolactovegetariano, ovovegetariano ou lactovegetariano — explica Ricardo Laurino, coordenador da SVB (Sociedade Vegetariana Brasileira) — Grupo Curitiba.
Já os veganos são aqueles que também optam por não utilizar nada que contenha componentes de origem animal ou que tenha sido testado em animais, como roupas, cosméticos, produtos de higiene e limpeza, com um estilo de vida ético e em harmonia com o ambiente.
Fonte: Zero Hora