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Saguis 'interrompem' expansão de universidade em Ribeirão Preto (SP)

26 de julho de 2013
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Centro universitário tentou retirar árvores, mas encontrou os saguis pelo caminho (Foto: Eduardo Guidini/ G1)
Centro universitário tentou retirar árvores, mas encontrou os saguis pelo caminho (Foto: Eduardo Guidini/ G1)

Um bando de saguis levou uma faculdade de Ribeirão Preto (SP) a interromper as obras de ampliação. O motivo é que no terreno que seria usado para a construção do prédio que vai abrigar o curso de medicina vive o grupo de macacos. Parte das árvores chegou a ser cortada para o início dos trabalhos de expansão, mas a derrubada foi suspensa por causa dos ilustres moradores. O caso causou polêmica entre protetores dos animais e a instituição de ensino.

A Prefeitura de Ribeirão Preto, que concedeu a autorização por meio da Secretaria Municipal do Meio Ambiente para que as árvores do terreno fossem cortadas, diz que está em contato com o Estado para fazer a transferência dos saguis para outro local.

O terreno é de propriedade do Centro Universitário UniSeb. Apesar de a área estar localizada ao lado da sede da instituição, a UniSeb informou que tomou conhecimento da presença dos macacos apenas quando deu início às extrações das árvores. Segundo o biólogo Marcelo Mestriner, o macaco é da espécie sagui-de tufos-pretos (Callithrix penicillata), comum na região.

A alegação do centro universitário, no entanto, é contestada pela protetora ambiental Nelci De Guide, porque segundo ela, todos os vizinhos ao local tinham conhecimento da presença dos bichos. “Como pode todo mundo que mora na região saber que os macacos vivem no terreno e o UniSeb não saber? Sei, inclusive, que funcionários deles alimentavam os animais todos os dias”, afirma Nelci.

O corte teve início no dia 8 de julho e se estendeu até o dia 11 deste mês. Após o início do corte das árvores, Nelci diz que muitos saguis se sentiram acuados pelo barulho da motosserra e que eles fugiram para a rua. “Um deles foi atropelado e morreu por causa desse serviço”, assegura. Indignada com a situação em que a instituição educacional colocou os animais, Nelci levou o caso para as redes sociais e agora conta com o apoio de outros moradores para cobrar uma solução para o impasse.

Ambientalista explicou que corte das árvores prejudica a alimentação dos saguis (Foto: Eduardo Guidini/ G1)
Ambientalista explicou que corte das árvores prejudica a alimentação dos saguis (Foto: Eduardo Guidini/ G1)

Para o ambientalista André Rodini, da forma como estava sendo feita, a expansão do centro universitário traria prejuízos ao meio ambiente. “Com o tempo, se formou um ecossistema particular nesta área. Temos bananeiras e até pés de café nesse local, onde era uma chácara antigamente. O problema é muito maior do que os macacos. Temos várias espécies que vivem nesse pequeno pedaço de terra no meio da cidade”, avalia Rodini.

O ambientalista afirma que a instituição educacional precisa da autorização de vários órgãos para poder fazer a expansão. “Eles podem ter conseguido com a Prefeitura a autorização para podar as árvores, que é o que compete à esfera municipal. Mas, além disso, é preciso de um Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que é feito pelo Estado. Isso é difícil acreditar que tenha sido feito aqui. O Ibama, que é a esfera federal, também precisa dar autorização”, afirma.

Compensação ambiental

A assessoria de imprensa do Centro Universitário UniSeb informou que a instituição obteve todas as autorizações dos órgãos ambientais competentes para a extração de árvores localizadas em seu terreno. Entretanto, afirma que aguarda orientações dos órgãos competentes para não prejudicar os bichos.

“Após a doação de 2.650 mudas de espécies arbóreas nativas e exóticas como compensação ambiental, deu início as extrações e foi detectada a presença de saguis no local. Imediatamente foi determinada a suspensão dos serviços. Estamos aguardando orientações dos órgãos ambientais para não prejudicar os animais e os moradores da região”, diz a nota.

Também em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Prefeito afirmou que o UniSeb interrompeu o corte das árvores assim que os animais começaram a deixar a área. “Biólogos da Secretaria do Meio Ambiente estiveram acompanhando o processo e não constataram danos físicos aos saguis.”

A assessoria da Prefeitura de Ribeirão Preto informou que a secretaria municipal entrou com um projeto na Diretoria do Centro de Manejo de Fauna em Vida Livre, órgão estadual, visando a transferência dos animais para uma nova área de soltura. “Assim que a autorização for concedida, eles serão manejados.”.

Prefeitura diz que aguarda o Estado para retirar os macacos da área verde (Foto: Eduardo Guidini/ G1)
Prefeitura diz que aguarda o Estado para retirar os macacos da área verde (Foto: Eduardo Guidini/ G1)

Fonte: G1

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