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VÍTIMA DO TRÁFICO

Sagui viciado em marshmallows é resgatado após viver anos trancado em gaiola

O macaco de quatro anos foi encontrado abaixo do peso e estressado devido ao manuseio constante

1 de maio de 2025
Júlia Zanluchi
3 min. de leitura
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Steve, o macaquinho resgatado. Foto: SSPCA

Um jovem macaco foi resgatado de uma gaiola de pássaros após ser encontrado “estressado” e com “vício em marshmallows”.

Agentes da SSPCA (Sociedade Escocesa para a Prevenção da Crueldade contra Animais) foram acionados quando vizinhos avistaram um sagui jovem em uma grande gaiola de pássaros na janela de uma sala, em março.

O macaco de quatro anos, chamado Steve, foi encontrado abaixo do peso e estressado devido ao manuseio constante. Os agentes disseram que ele havia desenvolvido um vício em marshmallows após ser alimentado frequentemente com o doce.

Os inspetores da SSPCA levaram Steve sob seus cuidados e, após seis semanas, ele se recuperou totalmente. Desde então, ele foi transferido para um lar permanente em um santuário de macacos na Inglaterra.

A SSPCA compartilhou essa história “angustiante” como parte da campanha Don’t Pet Me (“Não Me Trate como Animal Doméstico”), em colaboração com as ONGs de proteção à vida selvagem Born Free e OneKind, para conscientizar sobre o tráfico de animais selvagens na Escócia.

Gilly Mendes Ferreira, diretora de comunicação estratégica e engajamento de parcerias da SSPCA, afirmou que muitas pessoas não percebem a “tendência crescente e preocupante” de manter animais selvagens na Escócia. “Animais como Steve são comprados e vendidos como animais domésticos exóticos, muitas vezes por impulso, sem entender os cuidados complexos que exigem”, afirmou a diretora

Ela acrescentou que, embora esses animais possam parecer fofos, cuidar deles é “tudo menos fácil”. “Saguis são primatas altamente inteligentes e sociais, que precisam de espaço, estímulos e da companhia da própria espécie. Nenhum ambiente doméstico, por mais bem-intencionado, pode atender a essas necessidades. Felizmente, a história de Steve teve um final feliz, mas nem todos os animais terão a mesma sorte”, explicou.

As instituições investigaram vendas online e em pet shops e encomendaram pesquisas sobre os motivos e comportamentos de quem adquire animais selvagens. Os resultados estão no relatório Don’t Pet Me.

Os pesquisadores descobriram que, em 16 semanas, mais de 300 espécies foram anunciadas à venda na Escócia. O relatório destaca que o comércio de animais selvagens como domésticos é internacional, com alguns transportados por correio e entregas em recipientes inadequados, muitas vezes sem qualquer indicação de que há um animal vivo dentro.

Muitos tutores são jovens nascidos após 1980. Acredita-se que pedidos de crianças ou influências externas, como redes sociais, filmes e jogos (como Pokémon e Minecraft), possam levar à compra desses animais.

“A pesquisa revelou uma situação preocupante sobre como animais chamados de ‘pets exóticos’ são tratados – muitas vezes como mercadorias ou coleções. Histórias tristes surgiram, como animais mantidos em caixas pequenas, com dieta pobre, isolamento social, manuseio forçado, acidentes e mortes. A lei atual não os protege – isso precisa mudar”, disse Kirsty Jenkins, diretora de políticas da OneKind.

Chris Lewis, gerente de pesquisa e políticas da Born Free, afirmou que a campanha expõe a grande variedade de animais selvagens à venda na Escócia e a falta de fiscalização. “Isso deve preocupar o governo escocês, legisladores, amantes de animais e o público em geral. Os dados e histórias do relatório podem ser apenas a ponta do iceberg. A legislação atual é inadequada e ultrapassada, incapaz de acompanhar as tendências e a demanda por animais selvagens como domésticos. O mais trágico é que ela falha em proteger os animais envolvidos nesse comércio”, falou.

“Algo precisa mudar. Às vésperas das próximas eleições escocesas, a Born Free pede que todos os partidos políticos se comprometam com mudanças nas leis sobre compra, venda e posse de animais selvagens como domésticos”, finalizou Lewis.

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