Por Patricia Tai (da Redação)
A plataforma de gelo da Antártica está desaparecendo rapidamente, e duas atividades humanas em particular – a pesca e o turismo – têm contribuído ainda mais para mudar o ecossistema do continente.
Alarmada por este cenário, a Comissão para a Conservação dos Recursos de Vida Marinha da Antártica (CCAMLR), um grupo internacional cujos membros incluem a Austrália, a Nova Zelândia, os Estados Unidos, a Rússia, a China, a Noruega e a França, reuniram-se no mês passado para considerar uma proposta de transformar uma faixa de aproximadamente 1,5 milhões de quilômetros quadrados do oceano ao redor da Antártica, no que poderia se chamar de maior santuário oceânico do mundo e onde seria bloqueado qualquer tipo de caça e pesca.
Isso significa que a Antártica teria um santuário marinho ainda maior que o de um milhão de quilômetros quadrados criado no Mar de Coral da Austrália, ao leste da Grande Barreira de Corais.
Uma proposta, apresentada pelos Estados Unidos e Nova Zelândia, sugeria separar para o santuário 1,6 milhões de quilômetros quadrados do Mar de Ross, a maior baía do Pacífico. Outra proposta, trazida pela Austrália, França e União Europeia, pleiteava a proteção de 1,9 milhões de quilômetros quadrados da costa leste da Antártica, no lado que compreende o Oceano Índico.
Ambas as propostas encontraram um obstáculo no dia 16 de Julho, quando a Rússia se recusou a concordar com qualquer uma delas. As informações são da Care2.
Com seus 3,8 milhões de quilômetros quadrados, as reservas antárticas estariam uma área rica em espécies únicas, e deveriam abranger mais espaço que a soma de todas as reservas marinhas do mundo. Mas, tristemente, parece que isso não irá ocorrer, pois a Rússia usou o seu poder de veto para bloquear a implementação.
Ao fazer isso, a Federação Rússia desafiou a União Europeia bem como os Estados Unidos e outros vinte e três membros da CCAMLR.
Andrea Kavanagh, responsável pela campanha em prol do santuário pelo grupo ambientalista americano Pew Environment declarou que a decisão da Rússia estará prejudicando a conservação marinha global.
Steve Campbell, diretor da Antarctic Ocean Alliance, em entrevista à Raw Story, disse ter ficado profundamente desapontado: “Após dois anos de preparação, incluindo este encontro, nós saímos sem nada”.
A Comissão Global de Oceanos, uma organização que tem trabalhado para recomendar a melhoria do gerenciamento internacional dos oceanos, mandou uma carta aos líderes da CCAMLR em cada país pedindo a aprovação urgente dos santuários, pela proteção dos habitats críticos.
Segundo a reportagem da Care2, essa foi uma oportunidade maravilhosa dos líderes globais se unirem e entrarem em acordo pela proteção do ecossistema oceânico em uma região tão crítica, e teve um desfecho triste.
De qualquer forma, a Comissão Global e outros proponentes dos santuários não desistiram: a questão voltará a ser discutida no encontro anual da CCAMLR que será realizado em Hobart, na Austrália, em Outubro deste ano.