Por Lobo Pasolini (da Redação)
A instituição britânica Royal Society For the Prevention of Cruelty to Animals (RSPCA), em atividade desde 1824, publicou uma nota no seu website condenando o a manipulação genética de macacos por pesquisadores japoneses que introduziram um gene que faz com que os animal apareça fluorescente quando exposto a raios violetas.
“Como sempre, os pesquisadores dizem que essa pesquisa anuncia um grande avanço, já que o uso desses macacos poderia levar a tratamentos para várias doenças humanas. Porém os cientistas do departamento de pesquisa em animais da RSPCA preocupam-se com o exagero de tais promessas. A criaçao de ratos geneticamente modificados foi saudada nos mesmos termos e seu uso escalou para milhões de ratos sendo usados em todo o mundo. Agora, apesar do fato de que isso era aparentemente vital para curar toda doença humana, os cientistas que estão fazendo pesquisa com esses macacos dizem que ‘em muitos casos, os resultados das pesquisas em ratos não podem ser diretamente aplicados a humanos’. Essa parece ser uma conveniente mudança de opinião para os cientistas que usam macacos para pesquisa.”
Segundo Maggy Jennings, cientista chefe da RSPCA, a ideia que essa nova pesquisa anuncia como uma revolução médica com apenas alguns macacos geneticamente modificados é ‘ridícula’. “Além de ser inaceitável para os primatas, ela cria falsas expectativas para os pacientes. Simplesmente porque uma coisa pode ser feita não significa que ela deve ser feita e cientistas não têm o direito de ir contra a opinião pública com bases em justificativas tênues”.
Enquanto isso, no Brasil, a imprensa nacional continua com sua tendência provinciana de conivência com interesses capitalistas e usando termos risíveis que ninguém mais usa (“bom senso cartesiano”, por exemplo) para abafar debate e parecer sofisticada. Esse foi o caso do jornalista Marcelo Leite, da Folha de S. Paulo, que escreveu uma nota simplesmente para atacar aqueles que comentaram contrariamente ao experimento sobre o qual ele havia escrito.
Esquecendo que jornalista deve ser neutro e respeitar os leitores da sua publicação, Leite atacou aqueles que comentaram com alguma compaixão pelos animais vítimas das experiências cruéis. Ironicamente, ele apela para a chantagem emocional quando justifica experimentos em animais. “Quantos não terão nascido por meio de cesarianas, ou foram salvos da morte por cirurgiões que treinaram técnicas de corte e costura na carne viva de cães e porcos inocentes?”, pergunta esse fã de René Descartes.
É realmente inadmissível ouvir um jornalista em 2009 apelar para um sádico antropocêntrico que morreu em 1650 para mascarar filosoficamente seu descaso em relação ao sofrimento dos animais. Mas isso não é totalmente surpreendente, vindo de um profissional que obviamente odeia ser antagonizado e vive no passado.