Rituais médicos e religios tradicionais de tribos ao redor do mundo estão colocando em risco a existência de cerca de 100 espécies de primatas. As informações foram apresentadas numa pesquisa divulgada pelo periódico Mammal Review, jornal da Mammal Society – organização com sede na Grã Bretanha que estuda mamíferos.
Das 390 espécies de macacos, chimpanzés, gorilas e lêmures estudadas, 101 são regularmente mortas por terem partes do corpo usadas em rituais. Destas, 47 são utilizadas por suas propriedades medicinais, 34 para rituais mágicos e religiosos e 20 por possuírem ambas as qualidades.Tais práticas, concluiu o estudo, estão acelerando o desaparecimento de mamíferos já vulneráveis à extinção.
As mortes estão associadas a crenças em diversos países. Algumas espécies de macaco-aranha, por exemplo, são usadas para tratar mordidas de cobra, febre, tosse, dor no ombro e insônia na Bolívia. Na Serra Leoa, um pedaço de osso de chimpanzé é colocado ao redor da cintura de recém-nascidos para fazê-los crescer com saúde, acredita-se.
Extinção e conservação
Dos 101 primatas estudados pela pesquisa, 12 espécies são consideradas em perigo crítico pela União Internacional pela Conservação da Natureza, 23 sob ameaça e 22 vulneráveis.
“Apesar das leis de proteção, o uso e a venda de espécies para a medicina persiste”, explicou em entrevista para a BBC o pesquisador Rômulo Alves, da Universidade Estadual da Paraíba. Os pesquisadores enfatizaram que destruição dos habitats, a caça de subsistência e o comércio de animais selvagens também estão ligados ao desaparecimento destas espécies.
Toda regra, porém, tem sua exceção: em outras sociedades, os rituais tradicionais contribuem para a preservação de algumas espécies. Países asiáticos de crença hindu como a Indonésia e a Índia, por exemplo, protegem primatas e outros animais por considerá-los sagrados.
Fonte: Veja