Dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) apontam que a área do Cerrado desmatada nos primeiros quatro meses deste ano já é 61% superior ao registrado no mesmo período de 2021. O órgão, que realiza o monitoramento via satélites, afirmou que essa tendência vem acontecendo nos últimos três anos.
A região constitui um bioma de extrema importância para o Brasil, tanto em termos de biodiversidade contando com mais de 6 mil espécies de árvores, 251 de mamíferos e 800 de peixes e aves, quanto em termos energéticos. Oito das 12 bacias hidrográficas do país nascem na área, o que faz com que a região de 2 milhões de km² esteja ligada diretamente à produção energética do país.
No ano passado, as consequências da redução de chuvas causou um desabastecimento energético no país tão severa que uma nova bandeira tarifária teve de ser criada, de modo a desestimular o consumo de energia elétrica.
De acordo com pesquisas da Universidade de Brasília (UnB), o desmatamento da área, que já conta com apenas de 46% de vegetação nativa restante, afeta a capacidade de produção e conservação natural da água, que depende da cobertura vegetal original para acontecer. Entre 2003 e 2013 a área utilizada em atividades agrícolas dobrou na região, passando de 1,2 milhão para 2,5 milhões de hectares. Destes, 74% foram estabelecidos em regiões com vegetação nativa antes intacta.
Ironicamente, o agronegócio, principal causador do desmatamento na área, também será um dos maiores afetados. Ao deixar a região mais seca, as plantações irão precisar de mais água, que serão retiradas dos mananciais o que, por sua vez, irá secar ainda mais o Cerrado, piorando toda a situação.
Fonte: Finanças Yahoo