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IMPACTO HUMANO

Rio Grande do Sul: perda de vegetação nativa e avanço da soja podem ter agravado as inundações

O estado registrou uma diminuição de aproximadamente 3,5 milhões de hectares de vegetação original entre 1985 e 2022. Ao mesmo tempo, houve aumento no número de lavouras de soja, silvicultura e área urbanizada

16 de maio de 2024
Redação Um Só Planeta
7 min. de leitura
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Vista aérea de colheitadeiras utilizadas na colheita de soja em Salto do Jacuí, no Rio Grande do Sul — Foto: Getty Images

A redução da vegetação nativa pode ter agravado as enchentes que assolam o Rio Grande do Sul nas últimas semanas. Entre 1985 e 2022, o estado perdeu aproximadamente 3,5 milhões de hectares, segundo dados do MapBiomas. Enquanto isso, houve aumento no número de lavouras de soja, silvicultura e área urbanizada.

Eduardo Vélez, pesquisador do MapBiomas, relatou que o levantamento comparou as coberturas de diferentes categorias ao longo dos anos para estimar a quantidade do que foi perdido e o que ocupou o seu lugar no Rio Grande do Sul.

De acordo com ele, a diminuição da vegetação original atingiu o estado como um todo, mas quase um terço (1,3 milhões de hectares) se deu na bacia hidrográfica do Guaíba, uma das mais afetadas pela catástrofe climática atual.

“O Rio Grande do Sul tem um bioma diferente da Amazônia, por exemplo. Temos algumas florestas nativas, mas a maior perda não se deu pelo desmatamento de florestas. Essa perda se deu, na maior parte, nas formações campestres”, destacou.

As formações campestres do estado gaúcho são um tipo de vegetação adaptada ao clima subtropical local e composta, em sua maioria, por gramíneas e arbustos de pequeno porte. Pelos dados do MapBiomas, 3,3 milhões de hectares delas foram eliminados de 1985 a 2022.

Em seu lugar, foram criadas lavouras de soja, que tiveram um crescimento de 366% no período. Em 1985, o Estado tinha uma área de 1,3 milhão de hectares ocupada por essa cultura. Em 2022, subiu para 6,3 milhões de hectares.

A silvicultura (plantação de florestas novas ou manejo de florestas nativas para a sua exploração comercial) também mudou a configuração do solo do Rio Grande do Sul, mostra reportagem da BBC News Brasil. A área destinada a essa atividade passou de 79 mil hectares para 1,19 milhão de hectares, crescimento de 1.399%.

Além disso, o MapBiomas revela que houve alta de 145% nas áreas urbanizadas do Estado no período estudado. Em 1985, eram 97 mil hectares e, em 2022, subiram para 238.607.

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