EnglishEspañolPortuguês

FENÔMENO RARO

Rio fervente na Amazônia atinge mais de 90ºC e cozinha animais vivos

2 de setembro de 2025
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: Riley Fortier

No meio da floresta amazônica, no Peru, existe um fenômeno raro e impressionante: um rio capaz de ferver animais vivos. No conhecido Shanay-timpishka, que significa “fervido pelo calor do sol” em idioma indígena, o curso d’água pode atingir quase 100ºC.

O que aconteceu

A ciência explica que não é o sol que aquece as águas. O rio percorre falhas geológicas por onde a água subterrânea quente emerge das profundezas da Terra. O geocientista peruano Andrés Ruzo já mediu temperaturas de quase 100ºC.

“Você coloca a mão dentro e verá queimaduras de segundo ou terceiro grau em questão de segundos” – André Ruzo, geocientista, ao portal The Sun.

Segundo ele, os animais que caem no rio não têm chance. “A primeira coisa a se perder são os olhos. Eles ficam com uma cor branco-leitosa. Eles tentam nadar para fora, mas a carne vai cozinhando nos ossos porque está muito quente.”

Em pesquisas recentes, Ruzo registrou trechos em que a água ultrapassava os 90ºC, chegando ao ponto de ebulição em alguns locais. A intensidade é tamanha que basta um contato rápido para causar queimaduras graves.

Pesquisa em campo

Em 2024, uma equipe formada por cientistas dos Estados Unidos e do Peru instalou sensores ao longo do rio para registrar a temperatura do ar. Foram 13 dispositivos espalhados pela região durante um ano. As medições mostraram que, enquanto áreas mais frescas registraram média de 24ºC, as partes mais quentes chegaram a quase 45ºC.

Os pesquisadores também analisaram a vegetação em parcelas de floresta próximas ao rio. O resultado mostrou um padrão claro: quanto mais quente a área, menor a diversidade de plantas.

Algumas espécies sumiam por completo, enquanto outras, adaptadas ao calor, se tornavam mais comuns. “Mesmo sendo muito úmido, a vegetação parecia bem mais seca”, explicou a pesquisadora Alyssa Kullberg, do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça, à BBC.

Alerta climático

Pesquisadores veem o local como um laboratório natural para entender os efeitos do aquecimento global. A vegetação ao redor mostra sinais claros de estresse térmico. Algumas espécies desaparecem nos pontos mais quentes.

“À medida que a temperatura [da região] aumenta, mesmo se houver disponibilidade de água [por perto], a capacidade de fotossíntese das plantas pode diminuir.” – Rodolfo Nóbrega, da Universidade de Bristol, à BBC.

Árvores resistentes, como a imponente Ceiba, conseguem sobreviver. Já outras, como a Guarea grandifolia, sofrem com o calor extremo. Para os cientistas, o rio ajuda a prever como a Amazônia pode reagir a um futuro mais quente e seco.

Além do valor científico, o Shanay-timpishka é considerado um local sagrado por comunidades amazônicas. Para especialistas, proteger a floresta é também proteger a humanidade. “Se a floresta desaparecer, muito do carbono vai para a atmosfera e isso vai afetar o clima. Não é apenas local, é global”, disse Chris Boulton, pesquisador da Universidade de Exeter, à BBC.

Fonte: UOL

    Você viu?

    Ir para o topo