Ter um gatinho em casa exige dos tutores muito mais do que boa alimentação e brinquedinhos. É preciso conhecer o bichano a fundo. O animal está sujeito a problemas emocionais e físicos de várias ordens. Uma limitação séria e que tende a passar despercebida aos olhos dos tutores é a doença do rim policístico ou PKD (do inglês Polycystic Kidney Disease).
Quando a professora Renata Porto adotou o SRD Tobias e os persas Batatinha e Miguel, ela não imaginava que viveria com eles momentos tão intensos — para o bem e para o mal. Os problemas de saúde dos persas, principalmente os de Batatinha, tiraram o sono da tutora. O diagnóstico de PKD, que é um mal hereditário e incurável, foi uma surpresa. “Não sabia nada sobre gatos, li sobre a doença e me preocupei em esclarecer com a veterinária”, conta a professora.
Uma vez identificado o mal (por meio de ultrassonografia ou de exame de DNA), há muito pouco a ser feito. O crescimento de cistos nos rins provoca, a longo prazo, disfunção e falência renal. Recomenda-se que o animal nessa situação não procrie. “A possibilidade de transmitir a doença para o filhote é muito alta”, explica a veterinária Vanessa Pimentel, especialista em medicina felina. Segundo ela, não há idade determinada para a PKD se manifestar e os sintomas dependem do tamanho do cisto. “Quando ele ocupa um espaço funcional, o animal sente incômodo e demonstra isso”, diz.
Os gatos persas, os de raças derivadas, assim como os da mesma linhagem (Selkirk, Pelo Curto britânico, Pelo Curto Americano, Scottish Fold) estão sujeitos à doença. De acordo com a veterinária, sintomas como sede excessiva, perda de apetite, depressão e perda de peso são comuns em vítimas da PKD. O tratamento consiste em uma dieta específica, com direito a muita ingestão de água. E para os animais cujos cistos evoluem para uma disfunção renal, especialistas receitam remédios que controlam o problema. No entanto, a tendência é que o cisto cresça até impedir que o organismo dos bichinhos funcione, por isso a expectativa de vida deles é menor.
Batatinha, que tem 1 ano e 8 meses, está ótimo. Com acompanhamento profissional, ele vive como os demais gatos de Renata — só tem uma alimentação mais controlada. “O persa, mesmo saudável, não tem o estômago muito forte como o SRD. Tomo cuidado para que ele não coma qualquer coisa e piore”. Ciente de que ele provavelmente não viverá tanto quanto os outros bichanos do lar, ela se preocupa mais em garantir a ele momentos felizes. “Eu sei que o Batatinha vai viver menos que um gato saudável, mas enquanto ele estiver aqui, será o mais feliz do mundo. Ele é o príncipe da nossa casa”, afirma.
Segundo a tutora, optar por um gatinho SRD é uma boa ideia. “Eles são incrivelmente fortes e donos de uma genética maravilhosa”, explica. Por isso, menos propensos a doenças. “Aprendi muita coisa com eles, principalmente a ter paciência. Quero ter gatos para o resto da minha vida, eles me entendem e são tudo de bom”, conclui.
Fonte: Correio Braziliense