O estado de quase morte em que foi encontrado um filhote de onça parda há cerca de duas semanas, na zona Norte de Ribeirão Preto, provocou uma discussão a respeito da caça de animais silvestres, especialmente espécies nativas.
No ano passado, até a metade de setembro, a Polícia Militar Ambiental registrou 249 autos e 78 apreensões de armamento, ou seja, um auto a cada dia e meio.
Este ano, os números caíram: até semana passada, foram feitos 190 autos na região de Ribeirão Preto e 41 armas apreendidas, o que representa um registro a cada dois dias.
Um deles foi o filhote de onça. Ele foi encontrado no dia nove deste mês pelo Corpo de Bombeiros, com uma marca de tiro e um corte profundo na cabeça. O ataque teria sido provocado por um caçador, ainda não localizado. De acordo com o tenente da Polícia Ambiental, Diogo Araújo, se ele for localizado, poderá responder por crime ambiental.
“É preciso proteger a fauna para as atuais e futuras gerações. Se as pessoas caçarem indiscriminadamente, os animais vão entrar em extinção. Por isso, é vital que a sociedade denuncie”, afirmou Diogo.
Segundo ele, algumas pessoas acham que caçar é algo ligado aos costumes ou à cultura e que não apresenta problemas. “Mas, a gente tem que proteger nosso meio ambiente. A caça é proibida no Brasil”, disse o tenente.
Selvageria
O filhote de onça capturado há duas semanas tem cerca de dois anos. De acordo com o tenente Araújo, o animal foi atingido por um tiro, tentou fugir subindo em uma árvore, mas foi alcançado e golpeado com um facão. A onça foi encontrada com manchas de sangue e um corte profundo no crânio.
“O veterinário do Bosque achava que dificilmente ela iria sobreviver. O golpe de facão foi tão forte que ela teve traumatismo com exposição da parte cerebral. Ficamos espantados com a recuperação dela”, diz Diogo.
Transferida para Jundiaí
A onça capturada há cerca de duas semanas pelo Corpo de Bombeiros foi salva pela equipe do zoológico municipal, instalado dentro do Bosque Fábio Barreto. Anteontem, o animal foi transferido para a Associação Mata Ciliar, uma organização não-governamental de Jundiaí.
Lá o filhote de dois anos vai continuar o tratamento que vinha recebendo em Ribeirão Preto e passará por um processo de readaptação para voltar ao seu habitat natural. O local foi escolhido por possuir uma área que consegue reproduzir o ambiente natural da onça e é referência na reabilitação de animais silvestres.
Para ser transportado, o filhote foi colocado em uma jaula de ferro, coberta com uma lona para que ele não tivesse visão da parte externa da gaiola. “Esse procedimento é adotado para ele ficar calmo”, explica o tenente.
Fonte: Jornal da Cidade