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Ribeirão Preto (SP) registra até 200 denúncias de crimes contra animais por mês

5 de agosto de 2013
4 min. de leitura
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A professora Teresa Cristina Pasqualim recebe o carinho de dois dos cinco animais que retirou das ruas; um deles, Branco, estava condenado à morte (Foto: Matheus Urenha/A Cidade)
A professora Teresa Cristina Pasqualim recebe o carinho de dois dos cinco animais que retirou das ruas; um deles, Branco, estava condenado à morte (Foto: Matheus Urenha/A Cidade)

O número de casos de maus-tratos e abandono de animais dobrou em Ribeirão Preto (SP). Segundo o delegado Luiz Geraldo Dias, responsável pela Delegacia de Defesa e Proteção aos Animais da cidade, hoje chegam até 200 denúncias por mês.

“O aumento ocorre por vários fatores, como crescente número de ONGs que acolhem animais e ajudam a fiscalizar e as denúncias anônimas, que também cresceram”, explica Dias. De acordo com o delegado, cerca de 40% dessas denúncias acabam sendo confirmadas.

“Em Ribeirão, a maioria dos crimes contra animais são de abandono. Há ainda as brigas entre vizinhos, quando uma das partes decide descontar nos animais”, afirma.

Uma portaria que ainda não entrou em vigor, mas que tira do Centro de Controle de Zoonoses a responsabilidade de fiscalizar maus-tratos está gerando polêmica.

As instituições

Entidades que trabalham em defesa dos animais em Ribeirão também constatam o aumento de denúncias. A presidente da AVA (Associação Vida Animal), Maria Cristina Dias, vê dois pontos para os crescentes casos de abandono e maus-tratos de animais.

“Primeiro porque a causa animal tem crescido na sociedade e mais pessoas estão se mobilizando. Segundo porque o controle populacional com castrações não tem sido feito de forma eficiente”, explica.

De acordo com ela, Ribeirão Preto tem hoje pelo menos oito ONGs voltadas para cuidados com animais e o número de doações de cães e gatos em feiras também dobrou nos últimos anos por conta disso, chegando a uma média de 60 a 80 doações por mês.

Protetora

A professora aposentada Teresa Cristina Pasqualim retirou cinco animais das ruas. Branco, um dos mais velhos, com 14 anos, tinha levado um golpe de podão nas costas e estava quase morto.

“Disseram que teria que sacrificar, mas eu não quis e ele acabou se recuperando, depois de ficar 15 dias internado. Acabei ficando com ele”, conta Teresa. Além de Branco, a professora ainda tem mais dois vira-latas e outros dois cães, todos abandonados, e presta um serviço de auxílio a outras pessoas protetoras de animais.

“Eu ajudo arrecadando dinheiro ou serviços, como vacinas, ração, medicamentos, que os animais sob proteção estiverem precisando no momento”, explica Teresa.

Delegado diz que portaria é um retrocesso

O delegado Luiz Geraldo Dias diz que a portaria que tira do Centro de Controle de Zoonoses a responsabilidade de fiscalizar maus-tratos, publicada essa semana pelo Ministério da Saúde, é um retrocesso.

A portaria não deixa claro quem deve fazer essa fiscalização e diz que não é papel da Zooneses fiscalizar maus-tratos em rodeios ou festas que envolvam animais ou atender casos de animais soltos sem relação epidemiológica.

“Essa normativa é retrocesso. Acho que isso vai na contramão da humanização e vai proporcionar um patamar crescente de impunidade”, explica Dias.

O delegado diz que sem o apoio do Centro de Zoonoses, não há como recolher nem animais mortos.

Vigilância diz que dá apoio, mas não recolhe

A diretora da Vigilância em Saúde no município, Maria Luiza Santa Maria, diz não ver a portaria como um retrocesso.

“Sempre que formos solicitados, vamos atender. Nossa ações de avaliação e apoio não mudam, o que muda é que essa portaria direciona a verba pública na saúde. Todos os municípios vão precisar se adequar”, explica Maria Luiza.

A diretora explica que o Centro de Zoonoses de Ribeirão Preto já vem se adequando para trabalhar com vigilância e controle e que não tem condições de fazer assistência do bem-estar desses animais.

“Ano passado foi criado o Conselho Municipal do Bem-Estar Animal e eles devem pensar numa forma de atuar nesses casos.”

Serviço

As denúncias envolvendo crimes de maus-tratos e abandono rendem até um ano de prisão e multa de até R$ 1,5 mil. Elas podem ser feitas pelo telefone (16) 3610-6067. A população ainda pode denunciar para a AVA, 3632-1054, e outras ONGs, como Cão Paixão (3632-0825).

As entidades não recolhem animais abandonados e maltratados. Esses animais precisam dos chamados protetores, que abrigam ou ajudam pessoas que recolhem esses animais.

Fonte: Jornal A Cidade

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