Por Lobo Pasolini (da Redação)
Flexitarianismo, onívoro consciente etc. As nomenclaturas para descrever as dietas atuais são muitas, mas em geral servem apenas como variações da dieta predominante com um elemento ‘verde’ para desencargo de consciência.
A revista Time publicou um artigo dando publicidade a mais um desses novos termos: ‘vegetarianismo durante a semana’. Ou seja, nos fins de semana, esse tipo de ‘vegetariano’ pode comer produtos animais também.
A ideia foi lançada por Graham Hill, fundador do website verde Treehugger que acha que qualquer redução no consumo de carne é benéfica para o planeta e que nem todo mundo tem a disciplina para ser vegetariano em tempo integral.
Em relação ao novo conceito, o filósofo Peter Singer disse que “as pessoas deveriam ir além, mas não deixa de ser um progresso na direção certa”.
Já a presidente da PETA (Pessoas Pelo Tratamento Ético dos Animais), Ingrid Newkirk, apoiou sem restrições a iniciativa, o que confirma que a organização está cada vez mais longe de promover o veganismo. Ingrid disse que qualquer redução do sofrimento animal é sempre benvinda.
O problema é que o vegetarianismo em si não reduz o sofrimento animal, já que em geral inclui leite e ovos, cujas indústrias são notórias pela crueldade contra os sujeitos por elas explorados. Além disso, se realmente desejarmos mudar o paradigma antropocêntrico que vem destruindo o planeta e oprimindo os não-humanos, não podemos nos comportar como ‘turistas gastronômicos’. Em termos de longo prazo, isso não vai surtir efeito algum.
Veganismo não é sacrifício e não é uma coisa radical como muitos dizem. É uma dieta saudável que nos coloca em contato com uma gama maior de alimentos, por isso ela pode ser agradavelmente surpreendente. Talvez não seja possível para todo mundo tornar-se vegano da noite para o dia, porém o veganismo deve ser sempre o objetivo final de quem fazer uma transição incremental nesse sentido.