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ARTIGO

Reviravoltas: um fim da linha para o Golias?

1 de setembro de 2023
Renata Santinelli
3 min. de leitura
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Foto: O Golias/Foto cedida pela OSCIP Ajudanimal

Um dia de semana comum na grande São Paulo. Aquele vai e vem de pessoas apressadas para chegar ao seu destino. O som dos carros, as motos, o trânsito que insiste em parar de quando em quando. Ambulantes no seu corre diário gritando a plenos pulmões suas mercadorias. A cidade é uma profusão de sons, cheiros e rostos por vezes endurecidos pela árdua rotina.

O que sempre me chamou a atenção na metrópole paulistana foram os pés. Pés que entram e saem dos transportes públicos, que caminham pelas ruas repletas de fuligem dos carros. Naqueles pés estão sonhos, esperanças, desilusões. Anseios de vida, preocupações, medos e alegrias. Na mesma intensidade dos sons, cheiros e visões estão os sentimentos.

Mas naquele dia de agosto, em uma parte deste “mar de gente” alguém decidiu que seria o fim da linha para um cãozinho.

Ele foi levado por alguém, em algum momento, provavelmente nas primeiras horas da manhã que é menos movimento até a linha do trem. Ali amarrado foi e ficou a esperar a fatalidade que o destino o estava impondo.

Existem muitas perguntas sem resposta neste ato. Mas uma que chama a atenção nem é o porquê de se tomar uma atitude tão extrema, mas sim, estamos realmente preparados afetiva e psicologicamente para convivermos com os animais? Qual ponto da nossa arrogância humana nos permite acharmos senhores da vida e da morte de outra vida?

Ao descobrirem aquela tamanha crueldade, o cãozinho ali, jogado em meio aos trilhos, extremamente machucado, começa o corre-corre de pessoas para proporcionar o atendimento a ele. Sim, ele sobreviveu a brutalidade e mesmo em choque e com intensa dor não negava um abanar do seu rabinho para aquelas pessoas que presenciaram a situação com horror nos olhos.

Era um idosinho e já castrado. O que nos leva a crer que, em algum momento, aquele cão foi cuidado, foi amado por alguém. Será que por ter ficado velho não servia mais? Será que o humano a quem ele depositava toda sua confiança e amor já estava cansado dos cuidados? Infelizmente, são perguntas sem respostas.

E aí entramos no enorme dilema brasileiro de sempre. Municípios, em sua maioria, não estão preparados para lidar com este tipo de situação. O recurso foi buscar socorro em uma das ONGs de proteção animal que atendem a região. Já falei pra vocês que no Brasil ONGs só tem nome chique? Que a esmagadora maioria sobrevive, sim sobrevive, apenas de doações, alguns poucos eventos e são extremamente lotadas de animais que ninguém quer?

Porém existem situações que mesmo com todo cansaço, as dívidas que se acumulam e o trabalho desgastante não temos como dizer não. Porque a gente sabe que existem casos em que ninguém fará nada por aquele animal. Assim, a OSCIP Ajudanimal logo se prontificou em socorrê-lo e dar o melhor para aquele inocente animalzinho.

Passadas as críticas 72 horas, ele resistiu bravamente. Foi feita a cirurgia para amputação de sua patinha, dor controlada e este idosinho expressa sorrisos, abanar de rabinho e muita simpatia. Os cuidados ainda precisam ser intensos, por isso continua internado, e muito em breve o que todos nós esperamos é que ele seja adotado por alguém que o ame incondicionalmente até o fim de sua vida!

Aquele humano que decidiu que seria o fim da linha fica a lição de que a força de vontade de viver supera qualquer obstáculo. Até a maldade!
Para expressar a reviravolta de força e resiliência foi batizado de Golias. O pequeno gigante Golias que venceu a crueldade e renasceu para uma vida plena.

Fonte: O Alfenense

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