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Reunião debate atropelamento de animais em Sooretama (ES)

27 de maio de 2015
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Diversas instituições e gestores da Reserva Biológica de Sooretama – Unidade de Conservação administrada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) localizada no município de Linhares (ES) – reuniram-se para tratar de medidas emergenciais que ajudem a reduzir as mortes por atropelamentos de animais silvestres no trecho da BR 101 Norte, que corta a Unidade de Conservação e áreas protegidas adjacentes.

O fórum foi promovido pelo Ministério Público Federal de Linhares e reuniu 18 instituições representando o setor público, iniciativa privada e organizações não governamentais vinculados às áreas de meio ambiente, transportes, pesquisa, meio acadêmico e de comunicações.

Reunir todos estes segmentos num único fórum para discutir medidas mitigadoras dos impactos da rodovia federal BR 101 Norte sobre a biodiversidade da Reserva Biológica de Sooretama era uma das expectativas dos gestores da Unidade de Conservação.

Tanto que desde 2004 eles vinham pleiteando a adoção de medidas que reduzissem o número de animais mortos por atropelamentos no trecho da rodovia, que corta a reserva em cinco quilômetros, além de tangenciar outras áreas naturais protegidas constituídas pela Reserva Natural Vale, e pela Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Mutum Preto e Recanto das Antas, sendo essas últimas em um percurso aproximado de 20 quilômetros. Ali também ocorrem muitas mortes de animais, que se deslocam pelo maior fragmento de Mata Atlântica de Tabuleiros da costa atlântica brasileira.

Mensurar os impactos da rodovia sobre a área protegida foi tema do trabalho de monografia realizado pela bióloga Juliana Agnezzi, durante o período de dezembro de 2002 a setembro de 2003. O objetivo da pesquisa foi quantificar os animais atropelados ao longo do trecho de cinco quilômetros no interior da Reserva Biológica, identificar os principais pontos de atropelamentos e propor medidas que reduzam essas mortes na pista.

O Plano de Manejo da UC, elaborado em 1981, já teve o tema abordado. Mas foram os números obtidos na pesquisa que levaram os gestores da UC a iniciarem, em 2005, um processo de mobilização, visando à sensibilização da sociedade para a gravidade da situação.

A partir desse trabalho eles intensificaram o monitoramento desses atropelamentos, promovendo campanhas de sensibilização junto aos motoristas que utilizam a rodovia, buscando apoio de diferentes segmentos da sociedade, como o Ministério Publico Federal, área de transportes, meio ambiente e pesquisa.

Gradualmente diversos atores sociais foram aderindo ao processo, sendo a participação do Ministério Público Federal muito importante, em virtude de sua intervenção. Por intermédio do MPF um conjunto de reivindicações encaminhadas pela Reserva Biológica de Sooretama (ES) chegou ao Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).

A consequência positiva foi que algumas medidas já foram implantadas, como a colocação de tachões ao longo dos cinco quilômetros, a pintura de faixas contínuas para dificultar as ultrapassagens dos veículos em alta velocidade, estabelecendo com isso um limite de 60 quilômetros por hora de velocidade e a instalação de dois radares.

O fluxo de veículos na BR 101 tem crescido consideravelmente, o que tem mantido os números de atropelamentos no mesmo patamar. Animais de grande porte, por exemplo, como a onça pintada, onça parda, antas e até uma harpia foram atropelados e vítimas – chegando a óbito – sem chances de recuperação e reintrodução à natureza.

O problema tem se apresentado como uma importante área de estudo e vem atraindo estudantes, pesquisadores e outros interessados no desenvolvimento de projetos de pesquisa para melhor compreender os impactos da rodovia sobre a fauna.

Além do monitoramento continuo realizado desde 2010 pela Rebio de Sooretama, apoiado pela Petrobras S/A, uma equipe de pesquisadores do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) vem realizando estudos no trecho da estrada que corta a reserva estendendo-se pelos 20 quilômetros da BR que tangencia o remanescente florestal.

Como parte da proposta de trabalho dos pesquisadores da Ufes, foi realizado em novembro de 2014 um workshop com a finalidade de divulgar os resultados preliminares das pesquisas e gerar um documento com propostas para minimizar os impactos da rodovia sobre a Reserva e seu entorno.

A realização do workshop reuniu diversos especialistas e possibilitou a geração de um importante documento técnico com um capitulo especifico sobre a mitigação dos impactos da rodovia a curto, médio e longo prazos, levando-se em conta o processo de readequação da estrada prevista no contrato de concessão para a iniciativa privada.

O documento foi parcialmente apresentado no encontro do dia 17 de abril, na sede da Rebio Sooretama e serviu de base para a proposição de algumas das medidas emergenciais que serão postas em prática, até que se concluam o Estudo de Impacto Ambiental e respectivo relatório de impacto Ambiental (EIA-RIMA) para adequação da estrada e que se encontra em fase de elaboração.

Além dos servidores da Reserva Biológica de Sooretama/ICMBio, estiveram presentes o Ministério Público Federal em Linhares (MPF), Reserva Natural Vale, Agância Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Departamento de Estradas e Rodagem (DER-ES), Concessionária ECO 101, Concremat, Universidade de Vila Velha (UVV), Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Unidades da Ufes em São Mateus, Instituto Últimos Refúgios, National Geographic, ISAS, APICE/PETROBRAS, Instituto Nacional de pesquisas espaciais (Inpa), S.O.S Falconiformes e pesquisadores autônomos.

 Fonte: ICMBio

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