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Reunião da Comissão de Baleias pode ficar comprometida

14 de junho de 2010
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O Japão estaria comprando votos de pequenas nações para ganhar apoio na reunião do dia 21 da Comissão Internacional de Baleia, em Agadir, no Marrocos, de acordo com informações do Sunday Times. No encontro anual, os 88 Estados membros vão votar uma proposta da comissão de permitir a caça controlada, com uma cota permitida de baleias.

A matéria diz que países como Saint Kitts and Nevis, Grenada, ilhas Marshall, Kiribati, Guinea e Costa do Marfim se mostraram interessados em negociar seus votos na comissão. Eles estariam recebendo ajuda financeira do Japão em troca de seus votos favoráveis à caça.

Alguns países alegaram que o Japão também dá dinheiro para gastarem nas despesas da reunião da comissão e até mesmo oferece garotas de programa para ministros e diplomatas. O Ministério de Relações Internacionais do Japão negou as acusações.

Um a menos

A ilha do Oceano Pacífico do Sul Palau está cancelando seu apoio ao programa de caça às baleias com ‘fins científicos’ do Japão. A cota só será implementada se houver aprovação unânime de todos os membros, incluindo o Japão. Ainda não há indícios do que poderá acontecer, mas a força de votação de outras propostas na reunião do ano passado permaneceram equilibradas entre países a favor da caça e seus oponentes.

Muitas nações pequenas deram apoio aos caçadores de baleias, e a oposição reclama que o Japão ‘comprou’ os votos da última reunião com ofertas de ajuda financeira e fundos especiais.

O presidente de Palau Johnson Toribiong disse nesta segunda-feira que não acredita que a decisão possa afetar os laços diplomáticos do seu país com o Japão, o segundo maior benfeitor de Palau depois dos Estados Unidos. “Acredito que o Japão é um país maduro e responsável e tem a capacidade de aceitar a nossa posição quanto à caça às baleias”, disse.

Na semana passada, o enviado japonês Kenro Iino visitou Palau em busca de apoio na reunião da Comissão de Baleias. Iino disse que os atuais níveis de caça não acabariam com nenhuma espécie de baleia e que esse mamíferos marinhos consomem mais peixe que os humanos, o que poderia significar uma ameaça para o estoque de peixes no mar.

Sem presidente

O presidente da Comissão Internacional de Baleia está doente e não estará presente na reunião anual do dia 21, que discutirá sua proposta de controlar a caça às baleias anual, segundo informou um porta-voz nesta segunda-feira. Não foram dados detalhes sobre  doença.

A ausência de Christian Maquiera pode complicar os esforços em negociar um acordo para acabar com o beco sem saída de opiniões a favor e contra os países que mantêm a tradição de caçar baleias desde a moratória da caça comercial há 25 anos.

“Esta é a proposta mais controversa em duas décadas, e o homem por trás disso não vai comparecer”, disse o representante do Fundo Internacional para o Bem-estar Animal, Adrian Hiel, com relação ao projeto de instituir cotas para a caça.

A proposta de cota tem sito criticada como um retorno à caça comercial, que foi proibida em 1986. Mas acabaria com a caça com ‘fins científicos’, uma exceção à lei permitida mas desregulamentada. A caça anual científica japonesa tem sido considerada pela oposição como uma desculpa para a caça comercial para abastecer o mercado interno de carne de baleia para consumo doméstico.

A proposta permitiria a Japão, Noruega e Islândia caçar um número estabelecido de baleias e diminuir o total caçado em dez anos. Com o fim da caça científica, poderia reduzir pela metade o número de quase 2 mil baleias mortas pelo Japão anualmente em até cinco anos. Países contrários à caça de baleias, como Austrália e Nova Zelândia, dizem que a cota proposta é inaceitável e demandam um fim à caça japonesa na Antártida.

“Essa é uma reunião absolutamente crítica para a Comissão, com uma oportunidade de quebrar o impasse político”, disse Wendy Elliot do WWF Internacional. Mas reabrir os oceanos seria “uma loucura”, afirmou nesta segunda.

Fonte: Estadão


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