Em uma decisão cruel, a União Europeia aprovou o rebaixamento do status de proteção dos lobos de “estritamente protegido” para “protegido”. A mudança, que entrará em vigor em 7 de março de 2025, foi formalizada pelo Comitê Permanente da Convenção de Berna, gerando indignação entre ativistas em defesa dos direitos animais e organizações de proteção à fauna.
A medida permitirá maior liberdade para fazendeiros atirarem em lobos, sob o pretexto de proteger rebanhos explorados para consumo humano. Segundo estimativas, os lobos são responsabilizados pela morte de 65 mil animais criados anualmente para consumo, o que motivou a campanha da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a favor da proposta. A política justificou sua posição citando um incidente pessoal, no qual um lobo matou sua pônei doméstica, Dolly, em 2022.
O rebaixamento da proteção dos lobos reflete uma narrativa política que desconsidera evidências científicas e busca perpetuar a exploração animal. “Esta decisão é um sinal verde para atirar em lobos”, afirmou Marta Klimkiewicz, da ClientEarth. Segundo ela, a medida não apenas ameaça os lobos, mas pode desencadear uma erosão mais ampla das políticas de conservação de espécies na Europa.
Especialistas, como Sabien Leemans, do WWF Europa, criticam o movimento como um precedente perigoso, guiado por interesses políticos e não científicos. “Em vez de investir em estratégias de coexistência entre humanos e a vida selvagem, optou-se por uma narrativa que utiliza os lobos como bode expiatório para problemas estruturais das comunidades rurais”, destacou Sofie Ruysschaert, da BirdLife Europe.
Os lobos enfrentaram um declínio acentuado na Europa entre os séculos 19 e 20, mas esforços recentes de proteção resultaram na recuperação de populações, estimadas em 20 mil indivíduos. Contudo, pelo menos cinco populações ainda estão classificadas como “quase ameaçadas” e uma como “vulnerável”, segundo a Large Carnivore Initiative for Europe (LCIE).
O extermínio indiscriminado pode desorganizar matilhas, levando lobos solitários a se aproximarem ainda mais de áreas rurais, aumentando o conflito humano-animal.
A justificativa de proteger rebanhos de animais criados para consumo expõe a lógica falha de priorizar uma indústria que explora e mata bilhões de animais anualmente. Ao invés de combater o problema na raiz, promovendo alternativas éticas e sustentáveis como o veganismo, líderes políticos escolhem perpetuar a violência contra animais selvagens e explorados, ignorando os impactos ambientais, sociais e morais dessa escolha.
A decisão, longe de resolver os desafios enfrentados por comunidades rurais, enfraquece décadas de esforços de conservação e expõe um modelo de governança moldado por interesses populistas, em detrimento da ciência e da vida.