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LOBBY DE PECUARISTAS

Retrocesso: novos planos da Comissão Europeia incluem retorno da autorização de caça de lobos

21 de dezembro de 2023
Redação ANDA
2 min. de leitura
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Foto: Raimund Linke/Getty Images

A Comissão Europeia propôs uma redução na proteção dos lobos em toda a Europa Ocidental, o que permitiria a retomada da caça a essa espécie. A proposta sugere que os estados membros da União Europeia reclassifiquem o estatuto do lobo, passando de “estritamente protegido” para “protegido” sob a Convenção de Berna. Essa medida surge após duas décadas de retorno dos lobos a países como Alemanha, Bélgica, Países Baixos e Dinamarca, onde estavam extintos.

A presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, afirmou que o retorno dos lobos é positivo para a biodiversidade, mas destacou os perigos decorrentes da concentração de matilhas em algumas regiões. Segundo ela, autoridades locais têm solicitado mais flexibilidade para gerenciar essas concentrações.

A proposta da Comissão foi influenciada pelo lobby intenso de grupos agrícolas e políticos populistas contrários ao aumento das populações de lobos. Conservacionistas e ambientalistas criticam a medida, considerando-a irregular e desprovida de fundamentação científica. Cerca de 300 ONGs conservacionistas escreveram à von der Leyen, argumentando que a avaliação científica atual não justifica a mudança na proteção dos lobos na Europa Ocidental.

Atualmente, existem cerca de 20.000 lobos na região, mas seis das nove populações transfronteiriças de lobos na UE ainda não atingiram um estado de conservação favorável. Isso significa que, se os lobos forem abatidos ou caçados, a população não seria sustentável.

Uma pesquisa de opinião realizada em 10 Estados-Membros da UE no último mês mostrou que 68% dos habitantes rurais apoiam a manutenção de proteções rigorosas para os lobos, enquanto 65% dos agricultores ainda são a favor de uma proteção rigorosa.

Agata Szafraniuk, da instituição de caridade ClientEarth, alertou que a proposta da Comissão estabelece um precedente perigoso para a proteção ambiental e o Estado de direito. Para ela, mexer nas leis existentes de maneira conveniente representa um precedente frágil, indicando potenciais ameaças à natureza e aos direitos das sociedades europeias a um ambiente saudável.

Léa Badoz, do Eurogrupo para os Animais, afirmou que a Comissão Europeia está recuando em compromissos anteriores sem apoio científico. Destacou a falta de alinhamento da proposta com objetivos políticos genuínos e instou os Estados-Membros a considerarem as evidências científicas e o apoio das comunidades rurais.

A alteração no estatuto de proteção do lobo sob a Convenção de Berna deve ser acordada pelos Estados-Membros da UE e outras partes na convenção. Se aprovada, a redução na proteção dos lobos será aplicada em todo o bloco, impactando a implementação da diretiva de habitats da UE, que conferiu o mais alto nível de proteção legal aos lobos desde 1992. Essa legislação é apontada como crucial para o retorno dos lobos à Europa Ocidental. Vale ressaltar que lobos considerados “problemáticos” ainda podem ser abatidos de acordo com a diretiva, mas a proposta da Comissão levanta preocupações sobre o futuro da proteção ambiental na região.

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