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Restaurantes boicotam produtos marinhos e se unem para acabar com caça de focas

4 de novembro de 2013
4 min. de leitura
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Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

A cada ano, mais de 200 mil focas são brutalmente assassinadas na costa leste do Canadá, na maior caça de mamíferos marinhos do planeta. A organização americana de defesa animal Humane Society of the United States (HSUS) está, há anos, lutando para por um fim nesta prática e hoje conta com importante aliado: em número cada vez mais crescente, os donos de restaurantes do Canadá estão assumindo o compromisso de não comprar peixes, frutos do mar ou qualquer outro produto marinho do país. As informações são do QSR.

De acordo com Pat Ragan, diretora da Campanha de Proteção das Focas da organização, o objetivo é forçar a indústria da pesca do Canadá a intervir junto ao governo para que este proíba a caça das focas.

Para atingir esta meta, foi organizado um boicote aos produtos marinhos canadenses por parte dos restaurantes, mercados e fornecedores de frutos do mar. Mais de 5.000 estabelecimentos, incluindo 1.500 restaurantes, aderiram ao boicote, desde 2005.

“Eu diria que o movimento está realmente se fortalecendo”, diz Ragan. “As lojas e restaurantes querem fazer parte da ação porque os consumidores assim o exigem e também querem ser conhecidos por sua posição contra essa terrível e medieval chacina”.

A maior parte das matanças das focas acontece na província canadense de Terra Nova (Newfoundland), local onde moram quase 90%  dos caçadores, de acordo com informação da HSUS. Os animais são assassinados com bastões de madeira, armas de fogo e os chamados “hakapiks”, que são tacos de madeira com uma espécie de martelo e gancho de aço ou ferro na ponta.

Enquanto que nos Estados Unidos os produtos de foca foram banidos na década de 70, na Europa ainda existe uma demanda por pele de foca que é usada na indústria da moda.

A organização afirma que o dinheiro obtido da caça representa apenas 5% da renda dos caçadores, mas Loyola Sullivan, embaixador do Canadá para a conservação da indústria pesqueira disse que para alguns, esse valor chega a 35 por cento. Ele também disse que o massacre das focas rende em torno de 55 milhões de dólares e que a maior parte desse dinheiro vai para pequenas comunidades rurais.

“Por que alguém iria parar com uma atividade que é lucrativa para as comunidades rurais?” perguntou Sullivan.

Ragan tem uma resposta: “É uma fútil destruição de vidas”, disse ela.

Apesar de Sullivan dizer que “apenas” 5 por cento da população de focas é morta anualmente, ele também disse que o número de animais triplicou desde a década de 70.

Ainda assim, cada vez mais os restaurantes estão se unindo ao boicote diariamente, de acordo com Ragan. A participação se faz através da assinatura de documentos onde os estabelecimentos se comprometem a boicotar o caranguejo canadense e todos os tipos de frutos do mar provenientes da Terra Nova e de todo o Canadá.

“Nós temos um contingente de distribuidores de frutos do mar que aderiram ao boicote e que estão muito interessados em trabalhar junto às empresas e restaurantes que também queiram participar do boicote”, diz Ragan.

Depois de quatro anos de campanha, os esforços estão surtindo efeito. A organização relata que os valores de exportação do caranguejo canadense para os Estados Unidos tiveram uma queda de mais de 730 milhões de dólares desde que a campanha teve início, em 2005. A HSUS observou ainda que o valor das exportações para os Estados Unidos de frutos do mar provenientes da província de Terra Nova caiu 44 por cento, enquanto o valor das exportações para todos os outros setores, exceto petróleo e gás, teve um aumento de 22% no mesmo período de tempo.

“Não estamos afirmando que o boicote é a única causa do declínio dos valores, mas é um dentre uma série de fatores”, disse Ragan.
Por outro lado, Sullivan nega que o boicote tenha algum impacto mensurável. Ele cita uma série de fatores, incluindo o declínio da economia global, como responsáveis pela queda no valor das exportações.

Desde a divulgação do relatório da CCF, Ragan diz que todas as empresas que assinaram os documentos aderindo ao boicote tinham total conhecimento da causa e a adesão daqueles poucos que não compravam os produtos canadenses garantiria que não viriam a adquiri-los.

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