O Serviço de Vida Selvagem do Quênia (KWS) realizou, no início de abril, uma apreensão incomum: mais de 5 mil formigas foram encontradas em uma pousada no oeste do país, armazenadas em tubos e seringas com algodão. O material seria enviado ilegalmente por dois jovens belgas para o mercado de animais exóticos na Europa e na Ásia.
Lornoy David e Seppe Lodewijckx, ambos com 19 anos, foram presos e se declararam culpados. Eles responderão por crimes contra a fauna silvestre. Em um caso separado, outros dois suspeitos foram detidos por tentar contrabandear mais 400 formigas. Segundo o KWS, esse tipo de crime aponta para uma nova tendência no tráfico internacional de animais, agora focado em espécies pequenas e menos conhecidas, mas de grande importância ecológica.
Entre os insetos apreendidos, estava a formiga Messor cephalotes, típica do leste da África. Muito procurada por colecionadores, essa espécie é vendida por até £99 por colônia em sites especializados. Criadas em formicários — estruturas que simulam ninhos —, as formigas são valorizadas por seu comportamento social e habilidades de construção.
Especialistas alertam que o comércio irregular dessas espécies pode causar sérios danos ambientais. Se introduzidas em áreas fora de seu habitat natural, formigas exóticas têm potencial para se tornar invasoras, ameaçando ecossistemas e a economia local. Além disso, a retirada de formigas de seus ambientes compromete funções ecológicas essenciais, como a dispersão de sementes e a alimentação de outras espécies, como pangolins e tamanduás.
O entomologista Dino Martins afirma que o comércio de insetos pode ser feito de forma sustentável, como já ocorre no Quênia com projetos de criação de borboletas. Segundo ele, os maiores riscos à sobrevivência das formigas no país ainda são o uso de pesticidas e a destruição de habitat.
David e Lodewijckx seguem presos até que o tribunal analise seus casos.
Fonte: Revista Fórum