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ESTUDO

Remoção de escombros de Gaza pode emitir mais de 90 mil toneladas de CO2, calcula estudo

Caminhões teriam que percorrer 737 vezes a circunferência da Terra para retirar entulhos; bombardeios deixam legado de contaminação.

26 de julho de 2025
2 min. de leitura
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Foto: APAN

Um estudo publicado na revista Environmental Research: Infrastructure and Sustainability detalha a dimensão da devastação humana, ambiental e infraestrutural de Gaza, na Palestina. A remoção de escombros deixados pelos bombardeios de Israel pode emitir mais de 90 mil toneladas de CO2 e levar até quatro décadas. São, pelo menos, 39 milhões de toneladas de entulho, o que exigiria 2,1 milhões de caminhões-caçamba percorrendo 737 vezes a circunferência da Terra para transportá-los até os locais de descarte.

Para chegar a esses números, os pesquisadores das universidades de Edimburgo e Oxford, no Reino Unido, utilizaram ferramentas de código aberto em sensoriamento remoto para detectar os entulhos de edifícios destruídos em um período de 14 meses (entre 7 de outubro de 2023 a 1º de dezembro de 2024), segundo o Guardian. Depois, foram estimadas as emissões de carbono decorrentes do transporte e da britagem de entulho de concreto não contaminado.

O estudo faz parte de um movimento crescente de contabilização dos custos climáticos e ambientais dos bombardeios israelenses sobe Gaza, o que inclui danos a longo prazo, como contaminação de alimentos, terra e água, bem como a reconstrução da região pós-conflito. Segundo o Bloomberg, os bombardeios deixam um legado tóxico que durará gerações e se estenderá além-fronteiras.

O custo ambiental da guerra é avassalador: cerca de 60% das áreas de Gaza estão cobertas de lixo e entulho. As toneladas de entulho, deixaram poeira e fumaça tóxica no ar. As munições usadas liberaram metais pesados e outros poluentes no solo. “Perdemos poços de água, poços artesianos e estações de dessalinização. Não há mais nada que represente a vida em Gaza”, disse Amjad Shawa, diretor da Rede de ONGs Palestinas (PNGO).

Israel afirma que faz tudo o que pode para evitar danos ambientais. Mas o Al-Jazeera aponta outra triste arma utilizada na guerra: as altas temperaturas. “O verão em Gaza costumava ser uma estação de alegria, mas o ataque israelense em curso transformou-o em uma estação de tormento. Os bombardeios intermináveis criaram emissões de gases de efeito estufa e espessas camadas de poeira e poluentes. Incêndios queimam sem controle. Pilhas de lixo apodrecem ao sol. Terras agrícolas são arrasadas. O que antes era uma crise climática agora é crueldade climática, arquitetada pela força militar”, relata Qasem Waleed, físico e escritor palestino radicado em Gaza.

De outubro de 2023 a abril de 2025, Israel matou 52.243 pessoas, incluindo mais de 18.000 crianças, e feriu mais de 117.600. Ao incluir os desaparecidos e presumivelmente mortos, o número de mortos sobe para 63.243. O estudo também foi notícia no Arab News e Um Só Planeta.

Fonte: ClimaInfo

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