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TÓXICO

Remédio mastigável para cães faz gatos terem problema grave nos rins nos EUA

Os animais parecem se atrair pelo sabor de fígado de porco de versão do medicamento, que pode ser altamente tóxico para os gatos

12 de agosto de 2025
Fernanda Zibordi
4 min. de leitura
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Foto: Tyler Johnson/Universidade Estadual

Dois gatos com problemas graves nos rins foram internados em um hospital veterinário na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, após ingerirem um remédio mastigável para alergia de cães. Os animais tiveram danos renais e passaram por hemodiálise, processo em que uma máquina filtra o sangue quando os rins não estão funcionando adequadamente.

O remédio em questão é o Apoquel, um antialérgico usado para tratar coceiras e inflamações em cães. A bula do remédio no Brasil é clara em dizer que o fármaco é destinado exclusivamente a cachorros, e que deve ser mantido fora do alcance de outros animais domésticos. Afinal, a medicação pode ser perigosa e causar danos graves à saúde de outros bichos – como os gatos.

“Relatos anteriores de ingestões elevadas como essas resultaram em morte. A incidência de toxicidade relacionada à ingestão de Apoquel aumentou em nosso hospital desde o lançamento da formulação mastigável que, por algum motivo, os gatos parecem gostar de comer. Ambos os gatos que tratamos procuraram ativamente o medicamento”, explica Tyler Johnson, que trabalha no Colégio de Medicina Veterinária da Universidade Estadual da Carolina do Norte, em comunicado.

Ou seja, como indica o especialista, os gatos parecem ser atraídos pelo remédio. E a culpa disso é o seu sabor agradável aos bichanos, que aparece na fórmula da versão mastigável vendida nos EUA. No país, a formulação mastigável do medicamento está disponível no sabor de fígado de porco, o que pode atrair o interesse dos felinos.

A ingestão do Apoquel pelos gatos, mesmo que em pequena quantidade, pode causar sintomas como “vômito, diarreia, letargia, inchaço facial e danos ao fígado ou aos rins”. Sem o tratamento adequado, as complicações podem deixar sequelas e levar à morte.

Cuidados pós-contaminação

Cheese, um dos gatos que ingeriu Apoquel atendidos pela equipe, chegou a receber um tratamento de descontaminação em seu veterinário local, mas foi encaminhado para o Hospital Veterinário Estadual da Carolina do Norte, nos EUA, quando já estava muito doente e precisava de cuidados adicionais.

Apesar da boa recuperação dos bichanos, eles receberam quatro sessões de hemodiálise, o que ajudou no retorno de funcionamento dos seus rins. Johnson esclarece que ainda são escassos os estudos sobre se o tratamento remove o medicamento da corrente sanguínea, mas que ele tem um papel de “apoiar os rins o suficiente para que eles consigam se recuperar rapidamente”.

Se um gato ingerir comprimidos mastigáveis de Apoquel, seus tutores devem levá-lo contatar o atendimento veterinário imediatamente, já que quantidade considerada “prejudicial” ainda é desconhecida.

“Acreditamos que lares com gatos devem utilizar a forma original, não mastigável, do Apoquel ou ser extremamente cuidadosos para manter a forma mastigável fora do alcance dos gatos,” afirmou Shelly Vaden, especialista em pequenos animais da Universidade Estadual da Carolina do Norte.

No Brasil, a versão disponível no comércio online e especializado é a convencional, não a mastigável. Ainda que essa versão pareça menos atrativa para os gatinhos, a dica segue sendo a mesma: mantenha o remédio dos seus cães longe do alcance de seus outros animais (e vice-versa).

Fonte: Revista Galileu

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