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FUTURO DO PLANETA

Relatório pede plano de ação para incentivo de alimentos de origem vegetal na Europa

4 de setembro de 2024
Redação ANDA
3 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Um novo relatório financiado pela Comissão Europeia recomenda uma maior adoção de proteínas vegetais no sistema alimentar da União Europeia. Elaborado pelo fórum de alto nível Strategic Dialogue on the Future of EU Agriculture, o relatório é resultado de sete meses de colaboração entre 29 organizações, incluindo lobbies agrícolas, grupos ambientais e ONGs. O documento de 110 páginas foi entregue à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em 4 de setembro.

O relatório destaca que o consumo de carne na Europa excede as recomendações científicas e que é necessário promover mais alimentos de origem vegetal. Entre as propostas, os autores sugerem que a UE introduza um Plano de Ação para Alimentos de Origem Vegetal até 2026, com o objetivo de fortalecer as cadeias agroalimentares baseadas em plantas, desde os agricultores até os consumidores.

Uma das principais recomendações é a revisão dos subsídios agrícolas. Um relatório anterior, publicado em abril, revelou que a UE investe quatro vezes mais em subsídios para a criação de animais do que no cultivo de plantas. O novo relatório sugere a criação de um “fundo de transição justa” para apoiar os agricultores na transição para práticas mais sustentáveis. Também são propostas iniciativas de educação sobre proteínas vegetais, aquisições voluntárias de fazendas e regulamentações mais rigorosas de marketing.

Embora ainda não se saiba quando ou se as recomendações do relatório se transformarão em políticas, von der Leyen afirmou que os resultados do estudo serão considerados em sua visão para o futuro da agricultura na UE.

O relatório foi recebido com entusiasmo por grupos que defendem alimentos à base de plantas. Jasmijn de Boo, CEO global da ProVeg International, afirmou que as recomendações podem representar uma “mudança sísmica” para o setor de alimentos vegetais, se forem implementadas. Rafael Pinto, gerente de políticas da União Vegetariana Europeia (EVU), destacou que o relatório oferece uma “oportunidade fundamental” para melhorar a sustentabilidade, recompensar boas práticas agrícolas, desenvolver a economia e proteger a saúde pública.

No entanto, alguns comentaristas expressaram decepção, apontando que as recomendações não foram suficientemente rigorosas em questões como o bem-estar animal.

A agricultura animal é uma das atividades mais prejudiciais ao meio ambiente. Embora a discussão ambiental geralmente se concentre em combustíveis fósseis, estudos indicam que o sistema alimentar atual, por si só, seria suficiente para ultrapassar o limite de 1,5°C estabelecido pelo Acordo de Paris, mesmo que todos os combustíveis fósseis fossem eliminados. A criação de animais é responsável por pelo menos 16,5% das emissões globais de gases de efeito estufa, com destaque para o metano, um gás extremamente potente que contribui significativamente para o aquecimento global.

Além disso, a criação de animais ocupa cerca de 26% das terras livres de gelo do planeta, sendo uma das principais causas de desmatamento e perda de biodiversidade.

Embora governos tenham sido lentos em reconhecer e enfrentar esses problemas, há sinais de mudança. Em outubro do ano passado, a Dinamarca se tornou o primeiro país do mundo a apresentar um plano para um sistema alimentar mais baseado em vegetais, com o objetivo de reduzir sua pegada ambiental investindo em proteínas vegetais.

Grupos defensores esperam que o novo relatório indique que a UE está seguindo o exemplo da Dinamarca. Lucia Hortelano, gerente sênior de políticas da UE na ProVeg, expressou otimismo, afirmando que o Plano de Ação da Dinamarca pode servir de modelo para um movimento mais amplo na Europa, com mais financiamento destinado à pesquisa, agricultura e compras públicas de alimentos à base de vegetais.

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