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EMISSÃO DE CO2

Relatório afirma que mundo precisa quadruplicar remoção de carbono para cumprir meta de 1,5ºC do Acordo de Paris

A conclusão é da segunda edição do relatório State of Carbon Dioxide Removal

8 de junho de 2024
Redação Um Só Planeta
4 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

Cerca de 7 a 9 bilhões de toneladas de CO2 terão de ser removidas por ano da atmosfera até meados do século para tentar limitar o aquecimento global a 1,5°C, como determinado no Acordo de Paris. A conclusão é da segunda edição do relatório State of Carbon Dioxide Removal, coordenado pela Universidade de Oxford e elaborado em conjunto por mais de 50 especialistas internacionais.

Os autores sublinham que a redução das emissões é a principal forma de alcançar a neutralidade de carbono (ou net zero), contudo, a Remoção de Dióxido de Carbono (CDR, na sigla em inglês) tem um papel crítico a desempenhar.

Atualmente, apenas dois bilhões de toneladas por ano são removidas dessa forma, principalmente por meio de métodos convencionais, como plantio de árvores. Novos métodos, incluindo conversão de biomassa em biochar (uma substância semelhante ao carvão), intemperismo melhorado das rochas, captura e armazenamento direto de carbono no ar (DACCS) e bioenergia com captura e armazenamento de carbono (BECCS), contribuem com 1,3 milhões de toneladas por ano, menos de 0,1% do total. Os métodos que são efetivamente permanentes representam apenas 0,6 milhões de toneladas por ano – menos de 0,05% do total.

Segundo os autores do relatório, uma gama de estratégias de CDR deve ser rapidamente ampliada para abordar as mudanças climáticas em linha com o Acordo de Paris. “Dado que o mundo está longe da descarbonização necessária para cumprir a meta de temperatura de Paris, isto mostra a necessidade de aumentar o investimento em CDR, bem como em soluções de emissão zero em todos os níveis”, afirmou Steve Smith, da Smith School of Enterprise and the Environment da Universidade de Oxford, em comunicado.

O relatório observa que as empresas de remoção de dióxido de carbono têm grandes ambições que, em conjunto, levariam o modelo a níveis consistentes com o cumprimento das metas de manter o aumento da temperatura global em 1,5°C. Porém, enfatiza que estas ambições têm atualmente pouca credibilidade e necessitam de políticas mais fortes.

“Existem alguns sinais encorajadores no crescimento e na diversidade da investigação e inovação em CDR. Mas estes são fortemente atenuados pela escassa e precária procura a longo prazo. Os governos têm agora um papel decisivo a desempenhar na criação de condições para que o CDR possa crescer de forma sustentável”, complementou Smith.

Ele e os demais autores, no documento, instam os governos a incluir a incorporação de políticas de CDR nas Contribuições Nacionalmente Determinadas dos países (planos de ação climática no âmbito da CQNUAC) e o desenvolvimento de melhores sistemas de monitorização, comunicação e verificação de CDR.

“Para cumprir o Acordo de Paris, qualquer tipo de mitigação climática deve ser feito de forma sustentável. Este relatório conclui que os cenários mais sustentáveis apresentam maiores quantidades de reduções de emissões e, portanto, implementam menos CDR cumulativamente. Para o CDR necessário, é vital que a sustentabilidade ambiental e social seja explicitamente incorporada no planeamento e na política para minimizar os riscos e maximizar os cobenefícios”, sublinhou Stephanie Roe, cientista líder global em clima e energia da WWF, também em comunicado.

Apesar dos apontamentos e das recomendações do documento, o Centro de Direito Ambiental Internacional (CIEL, na sigla em inglês), pontua que ele ilustra “uma tendência preocupante que procura cada vez mais vender a remoção de CO² como uma solução para as alterações climáticas”.

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