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DE VOLTA PARA CASA

Reintroduzir lobos em seus habitats pode ajudar no equilíbrio de florestas nativas, diz estudo

23 de fevereiro de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Ilustração | Freepik

A reintrodução de lobos nas Terras Altas da Escócia pode não apenas restaurar o equilíbrio ecológico, mas também fortalecer os direitos animais ao devolver uma espécie-chave a seu habitat. Pesquisadores da Universidade de Leeds sugerem que a presença desses predadores pode ajudar na regeneração de florestas nativas, que, por sua vez, teriam a capacidade de absorver e armazenar até 1 milhão de toneladas de dióxido de carbono por ano. O estudo, publicado no periódico Ecological Solutions and Evidence, é o primeiro a quantificar o impacto da reintrodução de lobos no armazenamento de carbono no Reino Unido.

A pesquisa destaca que a ausência de lobos, erradicados da Escócia há cerca de 250 anos, levou a um desequilíbrio ecológico significativo. Sem predadores naturais, a população de veados vermelhos cresceu descontroladamente, atingindo cerca de 400.000 indivíduos apenas na Escócia. Esse aumento resultou na devastação de mudas de árvores, impedindo a regeneração natural das florestas. Atualmente, apenas 4% do território escocês é coberto por florestas nativas, um dos índices mais baixos da Europa.

A reintrodução de lobos, segundo os cientistas, poderia controlar a população de veados, permitindo que as florestas se recuperem. Estima-se que uma população de aproximadamente 167 lobos seria suficiente para reduzir o número de veados a níveis sustentáveis, favorecendo a regeneração florestal. Esse processo contribuiria com cerca de 5% da meta de remoção de carbono do Reino Unido, equivalente a 1 milhão de toneladas de CO₂ por ano. Em termos financeiros, cada lobo representaria um valor de £154.000 em capacidade anual de absorção de carbono.

Além dos benefícios ambientais, a reintrodução dos lobos representa um avanço significativo para os direitos animais, ao restabelecer uma espécie nativa em seu ecossistema original. O professor Dominick Spracklen, principal autor do estudo, enfatiza que as crises climáticas e de biodiversidade estão interligadas e que a recuperação dos ecossistemas depende da restauração de processos naturais, como a reintrodução de espécies-chave. “Precisamos olhar para o papel potencial dos processos naturais para recuperar nossos ecossistemas degradados”, afirmou.

A reintrodução de predadores de topo, como os lobos, tem sido um tema polêmico em várias partes da Europa, onde a espécie vem recuperando seu território. Lee Schofield, coautor do estudo, reconhece a necessidade de um diálogo amplo e inclusivo com as comunidades locais antes de qualquer ação. “Conflitos entre humanos e animais selvagens envolvendo carnívoros são comuns e devem ser abordados por meio de políticas públicas que considerem as atitudes das pessoas”, destacou.

Apesar dos desafios, os pesquisadores defendem que os benefícios ecológicos e climáticos da reintrodução dos lobos devem ser seriamente considerados. Além de contribuir para a mitigação das mudanças climáticas, a medida representa um passo crucial para a restauração da biodiversidade e o respeito aos direitos animais, ao devolver aos lobos seu lugar legítimo no ecossistema escocês.

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