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PERDA DE HABITAT

Registros de animais silvestres em áreas urbanas aumentam no interior de SP

Corpo de Bombeiros de Bauru (SP) já registrou 2 mil ocorrências envolvendo animais em 2025. Especialistas apontam avanço urbano sobre áreas de mata como uma das causas.

21 de outubro de 2025
4 min. de leitura
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Anta foi resgatada no Parque Estadual Morro do Diabo, em Teodoro Sampaio (SP). Foto: Apass

Um levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros de Bauru (SP) revelou que foram atendidas cerca de 2 mil ocorrências envolvendo animais silvestres em áreas urbanas da cidade apenas em 2025.

No contexto de queimadas e da estiagem que atingiram a região em setembro e no início de outubro, casos como o de uma onça-parda resgatada em um supermercado de Cafelândia (SP) e um tamanduá-mirim fazendo “rapel” em Garça (SP) mostram que encontros com espécies nativas têm se tornado cada vez mais comuns na região.

Segundo a diretora do Zoológico Municipal de Bauru, Samantha Pereira, o aumento dessas aparições está diretamente ligado à diminuição do habitat natural e ao avanço das moradias sobre áreas de mata.

“Quando tem uma intervenção humana e há essa fragmentação das florestas, é natural os animais se deslocarem para buscarem abrigo, parceiro para reprodução e alimento. Eles acabam se deslocando a centros urbanos, a regiões de condomínio que estão próximas a essas áreas de mata”, explicou a especialista, em entrevista ao TEM Notícias.

“Muitas vezes eles se perdem, não conseguem retornar à mata nativa deles e vão buscar abrigo em residências, em quintais, em áreas de jardins.”

Além disso, o tenente Matheus Belico, do Corpo de Bombeiros de Bauru, reforçou que, em caso de contato com esses animais, a população não deve tentar capturá-los nem alimentá-los.

“É importante manter distância e acionar o Corpo de Bombeiros pelo 193 ou a Polícia Ambiental pelo 190. Também é fundamental não perder o animal de vista até a chegada da equipe”, orientou.

Segundo o tenente, a corporação atua apenas quando há risco para o animal ou para pessoas. Nos casos de animais saudáveis, a captura é feita e a soltura ocorre em ambiente adequado.

Resgates

Em casos de animais feridos em razão de fogo e incêndios florestais, um local de referência para atendimento e reabilitação das vítimas em todo o estado de SP é a Associação Protetora de Animais Silvestres (APASS), que fica em Assis (SP).

Em 2024, foram registrados 94 resgates de animais decorrentes de queimadas em todo o estado de SP. Dos quais, 53 não resistiram, dois foram reabilitados e devolvidos à natureza e os demais seguem em tratamento.

Além disso, a ONG faz um trabalho com aves resgatadas em rodovias. Nos últimos 20 anos, mais de 25 mil animais de várias espécies da fauna brasileira, como maritacas e tucanos, foram resgatados e receberam cuidados na associação.

Em entrevista à TV TEM à época de uma soltura realizada no Dia do Meio-Ambiente, a diretora da APASS, Natália Tomaz, explicou que, graças ao cuidado e ao apoio dado a esses animais, eles podem ter uma nova chance de retornar à natureza.

“A APASS é um centro de triagem e reabilitação de animais silvestres. Então, esses animais são encaminhados para cá. Alguns oriundos de apreensão, outros vieram das rodovias de atropelamento ou filhotes abandonados. A gente tem um trabalho de reabilitar esses animais, cuidamos e, agora, eles vão voltar para a casa deles, que é a natureza”, explica Natália.

Fonte: G1

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