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Registro de puma em reserva particular de Mata Atlântica confirma importância de trabalho de preservação

12 de janeiro de 2010
4 min. de leitura
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Foto: pesquisadores
Foto: pesquisadores

O registro fotográfico da presença de um puma (Puma concolor), também conhecido como onça-parda, espécie ameaçada de extinção, na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel, em Porto Seguro (BA), representa mais uma vitória para o bioma Mata Atlântica na região. Após dois anos de trabalho de monitoramento fotográfico dos pesquisadores, abrir o Ano da Biodiversidade com a confirmação da existência deste raro mamífero entusiasma a equipe da Reserva e dos ambientalistas.

“Esse registro é um bom indicativo de que o manejo da área tem sido eficiente. O registro da presença de animais de topo de cadeia como a puma e a harpia (maior ave de rapina das Américas), demonstra que a mata, com toda a sua biodiversidade, tem conseguido se manter e vem dando condições para animais da cadeia alimentar abaixo destes possam se manter também”, comemora Carlos André Santos, coordenador de Proteção Florestal e RPPN.

O registro fotográfico do animal foi feito por meio de armadilhas fotográficas instaladas na RPPN. Esta iniciativa faz parte do Projeto de Monitoramento de Mamíferos de Médio e Grande Porte realizado, desde 2007, em parceria com a Conservação Internacional e o Instituto Dríades.

O puma é um animal carnívoro de topo de cadeia alimentar que caça principalmente à noite. Suas presas principais são veados, capivaras, porcos-do-mato e outros mamíferos. A sua presença na RPPN é um certeza de que existem presas suficientes nas matas da região que permite a sobrevivência de animais desse porte. Fato já confirmado pela presença de harpias – espécie ameaçada de extinção e de topo de cadeia alimentar – que estão vivendo na RPPN e em matas da região.

O Projeto de Monitoramento de Mamíferos de Médio e Grande Porte tem o objetivo de confirmar a existência e monitorar estes animais na RPPN, por meio de um método não-intrusivo que é o uso de armadilhas fotográficas. As armadilhas possuem um sensor de movimento que detecta a presença de organismos que se desloquem em frente ao equipamento, e um sensor de ambiente, com a função de reduzir disparos em falso. Tal método permite realizar o monitoramento de grandes extensões de área, promovendo o registro efetivo da riqueza de espécies, não sendo necessária a captura dos animais ou a interferência em seu meio de vida.

Em mais de dois anos do projeto já foram identificadas 16 espécies de mamíferos, incluindo a paca (Agouti paca), a jaguatirica (Leopardus pardalis), a suçuarana (Puma concolor), o caititu (Tayassu tajacu), o gato-do-mato (Leopardus wiedii), a anta (Tapirus terrestris) e o quati (Nasua nasua).

A preocupação é a caça e o comércio – Toda esta riqueza está em constante ameaça. Se no passado a caça era uma forma de subsistência, hoje ela se transformou numa cruel ameaça de completa extinção de espécies da fauna da região. Além da caça, ainda existe o tráfico de animais, uma prática ilegal, principalmente no Extremo Sul da Bahia, onde ficam os maiores remanescentes de Mata Atlântica.

Neste sentido, a conscientização ambiental é a melhor arma contra esse crime. Infelizmente, a condição de fiscalização é limitada e, mesmo quando recuperados, os danos causados aos animais apreendidos são difícieis, demorados e caros de serem revertidos. Uma ave ou mamífero domesticado não tem chance de ser devolvido à natureza sem um tratamento ou reeducação. O argumento de quem mantém viveiros ilegais de oferecer alimentação e abrigo fácil não muda a realidade: cativeiro é cativeiro e todo animal silvestre nasceu para a vida livre.

Vale alertar que a lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1988, prevê apreensão da carga, multa e detenção para quem for pego com animais silvestres. A multa é de R$ 500,00 por animal apreendido, mas pode chegar a até R$ 5 mil por  animal (para espécie ameaçada de extinção).

Além do crime ambiental, o tráfico de animais silvestres pode causar problemas de saúde pública, pois os animais silvestres comercializados ilegalmente não passam por nenhum tipo de controle sanitário, podendo transmitir doenças graves tanto para animais domésticos como para pessoas.

Estação Veracel – A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Estação Veracel foi criada há dez anos. São 6.069 hectares de mata nativa preservados, entre os municípios de Santa Cruz Cabrália e Porto Seguro, na Bahia. A área foi reconhecida pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) como RPPN, ou seja, uma área particular perpetuada com o objetivo de conservar a biodiversidade e promover a educação ambiental. Mais informações no site: www.veracel.com.br

Fonte: Sitepopular

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