As mudanças climáticas vêm impactando diversas partes do planeta, mas um novo estudo do King’s College London revela que o problema pode ser ainda mais grave do que se imaginava. Segundo os pesquisadores, o aquecimento global pode tornar até 6% da superfície terrestre inabitável em um futuro próximo, uma área maior do que o território do Brasil. O aumento da temperatura pode ultrapassar os limites de tolerância do corpo humano, colocando em risco a sobrevivência de populações inteiras.
O impacto do calor extremo na vida humana
O estudo, publicado na revista Nature Reviews Earth and Environment, aponta que, caso as temperaturas globais subam 2°C acima dos níveis pré-industriais, o calor será intenso o suficiente para representar uma ameaça até para indivíduos jovens e saudáveis.
Os cientistas explicam que, em certas regiões, a exposição prolongada ao calor, mesmo com sombra, brisa e hidratação adequada, poderá ser letal. Além disso, para idosos, o problema se torna ainda mais grave: apenas 35% do planeta permaneceria seguro para pessoas acima dos 60 anos.
O aumento das temperaturas pode criar um ambiente onde o corpo humano não consegue mais dissipar calor de maneira eficiente, levando a condições como insolação severa e falência orgânica.
Número de mortes por calor deve crescer drasticamente
Os pesquisadores analisaram como o calor extremo já tem impactado a população global. Entre 1994 e 2023, cerca de 2% da superfície terrestre já atingiu temperaturas que ultrapassam a tolerância térmica de adultos jovens. Para idosos, esse número foi ainda mais preocupante, ultrapassando 20% da área terrestre.
Se o cenário mais extremo se concretizar, até mesmo adultos jovens poderão enfrentar riscos severos em regiões subtropicais, como o sul da Ásia e a África Saariana, onde as temperaturas podem atingir níveis insuportáveis.
O estudo também destaca que, desde o ano 2000, mais de 260 mil mortes causadas pelo calor extremo foram registradas ao redor do mundo. Desses casos, 200 mil ocorreram em apenas três eventos climáticos extremos:
- Onda de calor na Europa em 2003
- Onda de calor na Rússia em 2010
- Onda de calor global em 2022
Se as previsões dos cientistas estiverem corretas, o número de mortes associadas ao calor deve aumentar drasticamente nas próximas décadas, tornando as mudanças climáticas uma ameaça direta à vida humana.
Regiões mais vulneráveis ao calor insuportável
Nem todas as regiões do planeta enfrentarão o mesmo nível de ameaça, mas algumas áreas estão mais propensas a cruzar os limites críticos de inabitabilidade. Entre as mais vulneráveis estão:
- Sul da Ásia, incluindo Índia e Paquistão
- África Saariana, onde as temperaturas já atingem níveis extremos
- Oriente Médio, que enfrenta calor intenso aliado à escassez de água
- Partes da América do Sul e Austrália, que também podem ser afetadas pelo aumento da temperatura
Se as temperaturas continuarem subindo sem controle, essas regiões poderão se tornar praticamente impossíveis de habitar, forçando migrações em massa e gerando crises humanitárias globais.
O que pode ser feito para evitar esse cenário?
Os cientistas reforçam que medidas urgentes precisam ser tomadas para reduzir as emissões de gases do efeito estufa e limitar o aquecimento global. Caso contrário, a humanidade poderá enfrentar um futuro em que vastas áreas do planeta se tornem inabitáveis, colocando em risco milhões de vidas.
A aceleração dos eventos climáticos extremos exige ações imediatas para evitar que o pior cenário se torne realidade.
Fonte; Gizmodo