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INSENSIBILIDADE

Refugiado ucraniano com câncer é obrigado a se separar do seu gato

5 de junho de 2022
Bruna Araújo | Redação ANDA
4 min. de leitura
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Foto: Michael Rybintsev

O ucraniano Serhii Rybintsev tem 70 anos e sofre com um câncer em estágio três e foi retirado do país invadido pela Rússia logo no início da guerra. Primeiro, ele e sua família foram para a Polônia e depois conseguiram migrar para o País de Gales. Durante todo o trajeto, o gatinho de Serhii, Malyavka, 18 anos, acompanhou os refugiados e não se separou do seu tutor, mas agora foi retirado de sua família por autoridades galesas, que exigem que o animal fique em quarentena.

Serhii chora o dia inteiro e teme partir deste mundo sem ter o seu melhor amigo ao seu lado. Desde que o tutor foi diagnosticado e precisou ficar acamado, o gatinho não saiu mais do seu lado e tem sido seu maior conforto e companheiro nesse momento tão difícil da vida do tutor. Serhii implorou para manter o animal ao seu lado quando autoridades do serviço de controle animal foram buscá-lo: “Você está levando um gato velho e doente de 18 anos de um refugiado da guerra contra o câncer em estágio três”.

Foto: Michael Rybintsev

O idoso, mesmo doente e muito debilitado, já pensou em voltar para a cidade natal Dnipro, no leste da Ucrânia, apesar dos bombardeios, para conseguir manter seu gato sob sua guarda, mas seus filhos não querem permitir, pois teme que a viagem afete ainda mais a saúde de Serhii. Toda a família considera a decisão do País de Gales de sequestrar arbitrariamente os animais dos refugiados como “sem coração e cruel”. O filhote do idoso lamenta muito e acha que seu pai “já sofreu o suficiente”.

Michael Rybintsev, filho de Serhii, afirmou que antes de entrar no país tentou conseguir informações para a entrada do animal do país, mas recebeu orientações controvérsias. De qualquer forma, ele não esperava que Malyavka fosse separado do tutor, principalmente em um momento tão delicado. Além da violência de levar o animal, outro ponto levantado por Michael foi o fato do pai não falar inglês e não ser informado sobre o destino do gato. “Malyavka sempre viveu dentro de casa com meu pai”.

Foto: Michael Rybintsev

Ele disse ainda que se soubesse que o País de Gales tem essa política de quarentena, teria levado seus pais para outro país, pois sabe que o afastamento do gatinho afetará drasticamente a saúde do pai. Após a repercussão do caso, o governo do País de Gales afirmou que sensibilizou com a situação do idoso e fará o possível para submeter o gato a todos os procedimentos veterinários necessários e o devolverá a família, mas ainda não há uma data estimada.

Enquanto isso, Serhii sofre com a espera e com saudades do companheiro de quatro patas.

Mais de três meses de terror

A conflito entre Ucrânia e Rússia completa 100 dias. Mais de 5 milhões de pessoas fugiram do país devastado por bombas e tiroteios. Muitas delas arriscaram suas próprias vidas para levar seus bens mais preciosos: os seus animais queridos. Nos últimos três meses, trouxemos, com exclusividade, uma vasta cobertura sobre a situação dos animais na Ucrânia. Há refugiados com seus seus cães e gatos espalhados em várias partes do mundo graças a uma grande corrente do bem formada por organizações em defesa dos direitos animais e ativistas, mas a situação na Ucrânia ainda é aterradora. Abrigos foram bombardeados, não há luz, água e os suprimentos são escassos.

Foto: Michael Rybintsev

Os milhares de animais que ainda estão presos no país em guerra sofrem diariamente com a iminência da morte, da fome e do sofrimento emocional profundo trazido por traumas e estresse. Zoos e santuários também não foram poupados e muitos animais selvagens morreram e estão vivendo, aprisionados, em situação deplorável. Toda a vida silvestre e a flora ucranianas estão sob ameaça. Nesta guerra, não existirá vencedores. Esperamos que o amor, a paz e a compaixão prevaleçam e o conflito chegue ao fim. Basta de morte e sofrimento. Toda vida é preciosa e precisa ser considerada, preservada e protegida. Sem esses valores, inestimáveis, não há humanidade.

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