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PROTEÇÕES RETIRADAS 

Reeleição de Donald Trump coloca espécies de animais marinhos em risco de extinção

Os oceanos que banham os EUA abrigam muitas espécies ameaçadas que precisam de políticas de proteção para sobreviverem, mas essas medidas não estão garantidas para os próximos quatro anos

21 de janeiro de 2025
Júlia Zanluchi
4 min. de leitura
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Foca-monge-do-havaí (Neomonachus schauinslandi), uma das espécies em risco sob o governo Trump. Foto: NOAA/PIFSC/HMSRP

A reeleição de Donald Trump tem preocupado biólogos e ativistas em relação aos animais e à natureza. Os pontos mais preocupantes são a gestão de recursos naturais oceânicos e a proteção de espécies ameaçadas, considerando os discursos e ideias de Trump. Ele atacou a ciência climática e apoiou um plano para desmantelar a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

Durante seu primeiro mandato, Trump foi o primeiro presidente na história a retirar a proteção de uma área protegida nos Estados Unidos, ao suspender as restrições à pesca no Monumento Nacional Marinho Northeast Canyons and Seamounts, um território de 12.700 km² que abriga muitas espécies marinhas ameaçadas e frágeis corais de águas profundas.

Dada sua posição contrária a monumentos nacionais e outras terras públicas, é provável que isso se repita nos próximos quatro anos. O Project 2025, um manual da direita para sua segunda administração, inclui até mesmo práticas altamente destrutivas de mineração em áreas atualmente protegidas.

As mudanças climáticas devem piorar sob o governo Trump, que ordenou a saída dos EUA do Acordo de Paris no primeiro dia de seu retorno ao cargo. Especialistas afirmam que praticamente não há mais chance de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C, um limite crucial para a sobrevivência de muitas espécies.

Isso significa que os oceanos continuarão enfrentando ondas de calor alarmantes, calotas polares derreterão e os níveis do mar subirão. Muitas espécies de animais marinhos já estão abandonando suas áreas históricas ou sofrendo declínios populacionais à medida que as águas aquecem além do limite de adaptação.

O histórico de Donald Trump e suas promessas para um segundo mandato indicam que as espécies marinhas e costeiras dificilmente receberão o suporte necessário para evitar mais declínios ou extinções. Especialistas alertam que abandonar metas climáticas, relaxar ou eliminar restrições à poluição e à destruição de habitats e não implementar novos limites ambientais à indústria serão catastróficos para esses animais.

A NOAA é responsável pela proteção de 40 espécies marinhas e costeiras em perigo e 59 ameaçadas em águas dos EUA. O Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA é responsável por muitas outras que vivem em água doce e áreas costeiras. Todas essas espécies e os ecossistemas dos quais dependem enfrentam um futuro incerto enquanto Trump reassume o cargo.

Peixe-serra-de-dentes-pequenos

Para compreender muitas das ameaças que o segundo mandato de Trump pode trazer para espécies marinhas ou costeiras, basta olhar para o criticamente ameaçado peixe-serra-de-dentes-pequenos (Pristis pectinata).

Esses são os primeiros peixes marinhos protegidos como espécie ameaçada em águas dos EUA. A espécie está ameaçada pela perda de habitat, enroscamento em equipamentos de pesca e, recentemente, por uma doença que os fazia girar em círculos até a morte.

“Para salvar o peixe-serra, precisamos implementar completamente nosso plano de recuperação, o que exige financiamento consistente e ampliado”, disse Tonya Wiley, presidente da Havenworth Coastal Conservation e líder da equipe de recuperação da espécie nos EUA.

Esse plano depende da existência contínua de agências federais que Trump e seus aliados prometeram cortar ou eliminar. “Promessas de reduzir drasticamente o tamanho do governo federal, se incluírem cortes na NOAA ou no Serviço de Pesca e Vida Selvagem dos EUA, podem ser prejudiciais para o peixe-serra — e para todas as espécies ameaçadas, já que essas são as agências responsáveis por protegê-las”, explicou Wiley.

A flexibilização das regulamentações ambientais para agradar grandes corporações também representa uma ameaça ao peixe-serra e outras espécies ameaçadas.

“Trump recentemente publicou que qualquer pessoa que fizer um investimento de US$ 1 bilhão nos Estados Unidos receberá aprovação ambiental acelerada, o que pode significar que projetos que destroem o habitat crítico do peixe-serra receberiam pouca ou nenhuma análise ambiental”, afirmou Wiley.

Baleias-francas-do-atlântico-norte

Outros especialistas estão preocupados com as baleias, especialmente algumas das mais ameaçadas do mundo. Restam menos de 400 baleias-francas-do-atlântico-norte (Eubalaena glacialis), tão poucas que viram notícia quando um filhote nasce.

Para salvá-las da extinção, é essencial acabar com a pesca, para evitar enroscamentos, e limitar a velocidade dos navios em seu habitat. Dada a postura de Trump contra regulamentações, é improvável que sua nova administração implemente restrições para proteger as baleias.

Outras espécies, como as raras baleias-de-rice (Balaenoptera ricei), focas-monge-do-havaí (Neomonachus schauinslandi) e corais, enfrentam ameaças similares, exacerbadas por mudanças climáticas e políticas que ignoram a proteção.

A continuidade dessas políticas pode ter impactos devastadores em espécies ameaçadas e ecossistemas costeiros, com repercussões ecológicas graves.

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