Não é todos os dias que uma espécie animal que se pensava perdida para sempre reaparece. Mas foi isso que aconteceu com a rã-pintada-da-Palestina, cuja redescoberta foi anunciada oficialmente esta terça-feira por uma equipa de cientistas israelitas, alemães e franceses na edição online da revista Nature Communications.
Esta pequena rã, de abdômen preto às pintinhas brancas, foi inicialmente descoberta no vale do lago Hula, em Israel, no início da década de 1940. E como foi avistada pela última vez em 1955, durante a drenagem dos pântanos em torno daquele lago, a União Internacional para a Conservação da Natureza acabou por declarar a espécie extinta em 1996, explicam no seu artigo Rebecca Biton, da Universidade Hebraica de Jerusalém, e colegas.
Porém, em Outubro de 2011, durante uma vistoria de rotina na Reserva Natural de Hula, foi descoberto um macho. “Desde então, registramos mais 10 espécimes”, escrevem os cientistas.
Para eles, o facto desta rã ter conseguido sobreviver à degradação do seu habitat ao longo dos últimos cem anos é “um notável exemplo da resiliência dos anfíbios”. E, a este propósito, recordam não só que 156 espécies de anfíbios não têm sido vistas nas últimas décadas, como também que 34 dessas espécies já são consideradas extintas desde 2004.
Mas a equipa de Rebecca Biton descobriu ainda que a capacidade de sobrevivência da rã-pintada-da-Palestina é mais espetacular do que se poderia imaginar. É que até aqui, considerava-se que esta rã pertencia à espécie Discoglossus nigriventer. Mas agora, a partir da análise genética das rãs recentemente encontradas e da sua comparação morfológica com fósseis de Discoglossus descobertos nos anos 1960, no vale do rio Jordão, os cientistas concluem ser preciso reclassificar este anfíbio.
Mais precisamente, a rã “ressuscitada” não pertence ao gênero Discoglossus, mas é, na realidade, o único sobrevivente de um gênero de rãs muitíssimo mais antigo, chamado Latonia, que habitava a Europa há pelo menos um milhão de anos. E cuja extinção, explica a Nature, se pensava ter sido devido às glaciações continentais. Um autêntico “fóssil vivo”.
Fonte: publico.pt