EnglishEspañolPortuguês

AUSTRÁLIA

Redes fantasmas devastam a vida marinha no Golfo de Carpentária

O autor do estudo pede por esforços coordenados para remover as redes de pesca descartadas antes que elas atinjam a vida marinha ameaçada na "região de alta biodiversidade" do golfo

30 de outubro de 2021
Donna Lu (The Guardian) | Traduzido por Beatriz Kaori
2 min. de leitura
A-
A+
Foto: James Cook University

Uma ação direcionada é necessária para combater o crescente problema de “redes fantasmas” no Golfo de Carpentária, dizem os pesquisadores.

A análise dos levantamentos aéreos realizados entre 2004 e 2020 revelou que a quantidade de redes fantasmas ao longo da costa do golfo aumentou, apesar de anos de esforços de limpeza.

As redes de pesca descartadas ou perdidas podem prender e matar a vida marinha.

O Golfo de Carpentária, no extremo norte da Austrália, compreende 10% da costa do país e abriga significativas populações de vida marinha ameaçada, incluindo seis das sete espécies ameaçadas de tartarugas marinhas, bem como dugongos, peixes-serra, tubarões-martelo e aves marinhas.

Uma equipe de pesquisadores australianos analisou redes fantasmas avistadas ao longo da costa do golfo durante quatro levantamentos aéreos ao longo de 15 anos. Dos 20 locais pesquisados, a equipe observou um aumento nas redes fantasmas em 85% dos locais.

A autora principal do estudo, Dra. Denise Hardesty da Organização de Pesquisa Científica e Industrial da Commonwealth, pede por esforços de monitoramento coordenado para remover redes fantasmas antes que elas cheguem à “região de alta biodiversidade” do Golfo de Carpentária.

Hardesty disse que as redes fantasmas foram trazidas para o golfo do Mar de Arafura pelo vento e pelas correntes, que diferem nas estações de monções e secas.

Mais de 85% das redes fantasmas encontradas ao longo da costa vêm de fora da Zona Econômica Exclusiva da Austrália, principalmente de pescadores em Taiwan, Indonésia, Japão e Coréia, é o que sugeriu uma pesquisa anterior.

As redes podem ser perdidas devido ao mau tempo ou à pesca em áreas superlotadas, disse Hardesty. “Se a implementação da lei entrar em ação e alguém estiver pescando ilegalmente, uma coisa que eles podem fazer é cortar suas redes para escapar.”

O aumento observado ao longo do tempo foi preocupante, dado o “tremendo esforço para reduzir as redes fantasmas na extremidade superior”, disse Hardesty. “Tem havido muito trabalho fantástico sendo realizado por guardas-florestais indígenas em seu país para gerenciar e remover essas redes.”

Nos últimos anos, também houve grandes esforços para combater a pesca ilegal no Mar de Arafura.

Hardesty disse que uma solução potencial seria fazer com que patrulhas de fronteira marítima ou levantamentos aéreos regulares registrassem se redes flutuantes forem avistadas na água.

A remoção coordenada de redes fantasmas perto de Weipa, no nordeste do golfo, ajudaria a “administrar o risco antes que essas redes realmente entrem naquela zona de alta biodiversidade, que é tão proeminente em todo o Golfo de Carpentária”, disse ela.

Estima-se que quase 6% de todas as redes de pesca e 29% de todas as linhas sejam perdidas globalmente a cada ano.

O estudo foi publicado na revista Marine Pollution Bulletin.

    Você viu?

    Ir para o topo