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Redes de pesca ameaçam boto-cinza na Baía de Sepetiba (RJ)

22 de junho de 2013
3 min. de leitura
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Pedro Lacerda
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O boto-cinza (Sotalia guianensis) é um pequeno cetáceo que se distribui de Honduras, América Central, ao estado de Santa Catarina, sul do Brasil (Flores, 2009). Ele é um golfinho frequentemente avistado em baías e estuários e a preferência por habitats costeiros torna a espécie vulnerável a atividades de origem antrópica, como a pesca.

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

As interações existentes entre os cetáceos e as atividades pesqueiras ocorrem em todo mundo e já foram registradas para cerca de 80% das espécies de cetáceos conhecidas. Capturas acidentais em redes de pesca são reconhecidamente uma das maiores ameaças humanas aos mamíferos marinhos e podem ter importantes consequências demográficas para as espécies impactadas. Estudos sobre as interações do boto-cinza com a atividade pesqueira ao longo da costa brasileira são realizados, no entanto, a quantificação dessas capturas acidentais em redes de pesca foi realizada somente para a região norte do estado do Rio de Janeiro. O boto-cinza está associado a regiões de estuário altamente produtivas e de grande valor econômico, as interações com artefatos de pesca, sejam elas positivas ou negativas, são uma constante em quase toda sua distribuição.

Identificar as práticas de pesca e processos ambientais que determinam a interação entre mamíferos marinhos e as atividades de pesca comercial e artesanal é importante para entender e reduzir a mortalidade devido à captura acidental. O emalhe em rede é a interação negativa mais comum e mais relacionada à mortalidade dos cetáceos, que podem ficar emaranhados pelo rostro e nadadeiras nas redes de espera. Nesses casos, o resgate desses animais torna-se difícil, já que esse tipo de artefato apresenta grande dimensão e longo tempo de permanência na água. Apesar de existir uma lei federal (n.º 7643/1987) que proíbe a pesca de cetáceos nas águas jurisdicionais brasileiras, a captura acidental com artefatos de pesca tem sido uma constante, o que representa uma ameaça principalmente para espécies de pequeno porte que são mais vulneráveis à captura por diversos tipos de rede de pesca.

A Baía de Sepetiba abriga a maior população de botos-cinza já estudada, afirma o biólogo Leonardo Flach. Estimativas de abundância realizadas para a população de botos-cinza nesta região apontam a existência de aproximadamente 1200 indivíduos residentes na Baía de Sepetiba.

Foto: Divulgação
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Entretanto, a magnitude dos impactos humanos, como a pesca, sobre esta população de cetáceos é desconhecida na Baía de Sepetiba.

Até o presente momento, o Instituto Boto Cinza, ONG de cunho socioambiental que visa à preservação do boto-cinza e outros cetáceos do litoral sul fluminense, recolheu dez carcaças de botos apenas neste ano. Com a aproximação do inverno e a recente temporada da tainha e linguado, são posicionadas as redes chamadas de caceia e espera, artefatos de pesca que ficam posicionados muitas horas dentro da baía podendo ocasionar o emalhe desses animais. Desde o início de junho já foram recolhidos quatro animais: duas fêmeas e dois machos adultos. Um total 178 carcaças foram recolhidas desde 2005, quando a equipe começou a desenvolver este trabalho.

Foto: Divulgação
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Os biólogos do Instituto Boto Cinza estão apreensivos nessa temporada, porque a continuidade deste impacto pode ser irreversível para a viabilidade da população de botos da Baía de Sepetiba.

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