Pesquisadores estão em alerta por conta do recorde no número de baleias-jubarte encontradas mortas nos últimos meses no litoral brasileiro, especialmente na região sul. Comuns na costa brasileira entre julho e novembro, as jubartes migram para o Brasil durante o período reprodutivo e passam pelos estados de Santa Catarina e Paraná.
Normalmente, esses animais não costumam ser avistados por banhistas por não se aproximarem das praias. Isso, entretanto, tem mudado com os encalhes cada vez mais comuns. Neste ano, 27 baleias-jubarte já foram encontradas mortas por equipes do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) Área SC/PR. Desde 2015, a entidade monitora diariamente a costa litorânea de Laguna (SC) até Guaraqueçaba (PR).
De todos os casos registrados, 13 ocorreram na região norte do litoral de Santa Catarina, outras seis encalharam em Florianópolis e 8 no Paraná. O número é quase o dobro do registrado em 2019, quando 7 baleias foram encontradas mortas. Em 2020, foram apenas seis.
O biólogo e coordenador geral do PMP-BS, André Barreto, explicou ao portal Bem Paraná que há várias circunstâncias que podem explicar o aumento no número de baleias-jubarte mortas. “A população das jubarte no Oceano Atlântico felizmente está crescendo, o que pode contribuir com o aumento de avistagens, mas acredito que não aumentou tanto de um ano para o outro, para justificar essa diferença que estamos observando”, afirmou Barreto. “Algo mudou neste ano para elas se aproximarem da costa, e não sabemos se foi algo na costa brasileira ou estamos vendo um reflexo de mudanças nas áreas de alimentação no continente Antártico”, completou.
Ao realizar procedimentos de necropsia nas baleias, os profissionais encontraram indícios de emalhes acidentes em redes de pesca, o que mostra os efeitos nocivos da pesca não só para os peixes, que são vítimas diretas dessa prática cruel, mas também para animais que são capturados acidentalmente.
No caso de animais encontrados mortos ou ainda com vida, presos em redes em alto mar, o PMP-BS tem tentado ajudá-los em parceria com instituições que possuem embarcações, já que as equipes do projeto não tem como foco ações no mar e, por isso, não dispõem de barcos.