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Reality show exibe participante ingerindo aranha viva

22 de dezembro de 2015
6 min. de leitura
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Redação ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais

Foto: ITV/REX Shutterstock
Foto: ITV/REX Shutterstock

O reality show “I’m A Celebrity”, que é exibido pelo canal ITV do Reino Unido, está enfrentando críticas por parte do público após uma recente performance executada pela participante Ferne McCann. As informações são do Huffington Post.

Ao longo dos anos, o programa se tornou conhecido por desafiar os competidores a ingerirem alimentos estranhos, e já mostrou seus participantes famosos, por exemplo, mastigando testículos de canguru, pênis de crocodilos e larvas de mariposas.

No entanto, a proposta feita a Ferne provocou ainda mais a indignação dos espectadores, uma vez que ela foi desafiada a comer uma aranha viva, a fim de ganhar uma refeição para um de seus companheiros.

Foto: ITV/REX Shutterstock
Foto: ITV/REX Shutterstock

O episódio gerou uma onda de protestos de espectadores e organizações de direitos animais, que se manifestaram em mensagens à emissora e nas redes sociais. A diretora adjunta do PETA, Elisa Allen, declarou que ao Mirror Online: Mais uma vez, este programa tem mostrado um completo desrespeito pela vida de seres sencientes e uma grande falta de criatividade, evidenciado pelo fato de vir repetindo as mesmas acrobacias bregas e desumanas por mais de uma década”.

Foto: ITV/REX Shutterstock
Foto: ITV/REX Shutterstock

Ao propor ações do tipo, esse programa vem retomar um modelo de reality show que atraiu muita audiência há alguns anos atrás e se tornou desgastado, cujos exemplos foram, entre outros, o “Fear Factor”, dos Estados Unidos, inspirado em um programa holandês chamado “Now or Neverland”, e o próprio “No Limite”, do Brasil, sendo interessante e oportuno relembrá-los.

O primeiro foi ao ar nos Estados Unidos entre 2001 e 2006; voltou a ser exibido em 2011 mas foi cancelado no ano seguinte. Nele, duplas ou grupos de pessoas competiam entre si em “acrobacias” a fim de receber um prêmio em dinheiro. A competição era dividida em três fases, e a segunda fase envolvia provas hediondas com animais, entre elas, por exemplo, a ingestão de partes de corpos de animais ou de insetos vivos. Outras “acrobacias” implicavam no participante imergindo a cabeça ou o corpo inteiro em recipientes que continham animais considerados repugnantes ou intimidantes, como ratos, aranhas, cobras ou minhocas. O programa atraiu muitas críticas do público devido a esses abusos, porém não foi confirmado publicamente o motivo pelo qual o mesmo deixou de ser veiculado.

Foto: Flowtv
Foto: Flowtv

Já o reality show “No Limite”, exibido pela Globo em 4 temporadas entre os anos de 2000 e 2009, foi inspirado no programa também norte americano “Survivor”, e  trouxe provas ainda piores. Nele, os participantes eram incitados a cometer a crueldade contra animais em grau absurdo, como ingerir diversos animais ainda vivos e perseguir e matar galinhas.

Foto: Uol
Foto: Uol

Entre Julho e Agosto de 2009, o programa teve as cenas mais chocantes envolvendo animais. Conforme publicado pela ANDA, esses episódios incluíram a ingestão de olhos de cabra pelos participantes, que também teriam comido três peixes vivos (que receberam dentro de um copo com água e que deviam ser mordidos antes de engolidos), além de pessoas se forçando a ingerir dois ovos galados (ovo com um feto de galo quase totalmente desenvolvido).

Foi somente após nove anos de exibição, devido à gravidade das cenas exibidas em tais episódios, que a Justiça decretou um veto a esses abusos. Em Setembro de 2009, o Juiz de Direito Gustavo Henrique Cardoso Cavalcante, da Comarca de Trairi (Ceará), determinou a imediata proibição da gravação e exibição de provas que envolvessem animais de quaisquer espécies no programa, bem como a gravação e exibição de cenas em que animais fossem submetidos a maus-tratos, com o diretor geral do programa, José Bonifácio Brasil de Oliveira tendo sido então intimado ao cumprimento da ordem, sob as penas legais.

Porém, infelizmente, o assédio aos animais em reality shows no Brasil não terminou, com a proibição em questão. Ainda em 2009 foi lançada a primeira temporada do programa “A Fazenda”, na rede Record, no qual os participantes – todos famosos – têm de lidar com os desafios da vida em uma propriedade rural.

Alguns dos animais explorados em "A Fazenda". Foto: R7
Alguns dos animais explorados em “A Fazenda”. Foto: R7

O reality já teve oito temporadas e, como não poderia deixar de ser – para um programa filmado em local no qual são criados animais tradicionalmente “para consumo” e subjugados ao homem, perpetuando a ideia da exploração -, surgiram diversas denúncias de maus-tratos aos animais. Em 2011, por exemplo, o ator Thiago Gagliasso confessara publicamente que maltratava os animais que viviam no cenário.

No ano seguinte, oito meses após o incidente e como resultado da pressão de ativistas e do público, a direção do programa anunciou que a agressão a animais seria punida com a expulsão do participante. “Pela nova norma, será expulso quem agredir três vezes, física ou verbalmente, algum bicho do confinamento”, disse a diretoria na época.

Entretanto, a agressão nesse caso já estaria representada pelo próprio confinamento e pela escolha arbitrária de se apresentar animais em um programa televisivo, com todo o estresse e a artificialidade que ele contém – fatos suficientes para tornar ilícito o uso de animais para esses fins, se estivéssemos falando de um mundo em que se respeitassem os direitos animais.

 

Búfalo explorado em uma das temporadas de "A Fazenda".
Búfalo explorado em uma das temporadas de “A Fazenda”.

*É permitida a reprodução total ou parcial desta matéria desde que citada a fonte ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais com o link. Assim você valoriza o trabalho da equipe ANDA formada por jornalistas e profissionais de diversas áreas engajados na causa animal e contribui para um mundo melhor e mais justo.

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