O recente ataque sofrido pela artista russa Masha, que atuava como “sereia” no aquário do Xishuangbanna Primitive Forest Park, na China, vai além de expor os riscos enfrentados por humanos em um trabalho exploratório — ele revela o sofrimento silencioso e constante dos animais confinados em cativeiro. O incidente, no qual um peixe-gato-gigante reagiu e mordeu o rosto da jovem, não foi um ato de “agressividade gratuita”, mas sim um reflexo do estresse extremo e da angústia causados por uma vida em um ambiente artificial e opressor. Animais como esse peixe-gato-gigante, privados de seu habitat e submetidos a condições antinaturais, são forçados a viver em um estado permanente de tensão, o que frequentemente resulta em comportamentos defensivos ou reativos. Este episódio é um triste lembrete de que a exploração de animais para entretenimento não só os reduz a meras atrações, mas também os condena a uma existência de sofrimento, longe de qualquer possibilidade de bem-estar ou dignidade.
A prática de empregar “sereias” em aquários é uma exploração que coloca mulheres em situações de risco físico e psicológico. Nadar em tanques com animais, muitas vezes em condições inadequadas, é uma atividade que deveria ser questionada não apenas por sua periculosidade, mas também por sua ética. Masha recebeu uma indenização irrisória de R$ 560, uma tentativa clara de silenciá-la sobre o ocorrido. Esse valor insignificante reflete o desprezo da indústria pelo bem-estar de seus funcionários, tratados como descartáveis em prol do lucro.
No entanto, o sofrimento humano é apenas uma parte dessa história. Os animais mantidos em aquários são submetidos a condições estressantes e antinaturais. Espécies como as exibidas no aquário de Xishuangbanna — nativas dos rios Mekong e Yangtze — são forçadas a viver em ambientes restritos, longe de seus habitats naturais. O estresse causado pelo cativeiro pode levar a comportamentos agressivos, como o ataque ao peixe-gato-gigante, que provavelmente agiu por instinto em um ambiente que não respeita suas necessidades biológicas e emocionais.
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A popularização de espetáculos com “sereias” na China, incluindo competições internacionais, é um sintoma de uma indústria que normaliza a exploração de seres vivos para entretenimento. Essas práticas perpetuam a ideia de que animais e humanos podem ser usados como ferramentas de diversão, ignorando completamente seus direitos e bem-estar. Enquanto os espectadores se maravilham com a “magia” dessas apresentações, poucos refletem sobre o custo real por trás delas.
Este incidente deve servir como um chamado para repensarmos nossa relação com os animais e com aqueles que são explorados pela indústria do entretenimento. A existência de aquários e espetáculos com “sereias” não é apenas uma questão de segurança, mas uma violação ética que precisa ser urgentemente questionada e abolida. Animais não são atrações turísticas, e humanos não devem ser colocados em situações de risco para alimentar a ganância de uma indústria que lucra com o sofrimento alheio.