Uma rara espécie de abelhas solitárias cria o seu ninho de forma semelhante a um buquê primaveril, segundo avança um novo estudo. O ‘arranjo’, designado de ‘flor-sanduíche’, tem três camadas: uma de pétalas no exterior; em seguida, uma camada de lama e, finalmente, outra camada também de pétalas que revestem o interior da célula, segundo explicou o líder da investigação, Jerome Rozen, curador do departamento Zoologia de Invertebrados, no American Museum of Natural History, de Nova Iorque (EUA).
O comportamento de nidificação colorido da Osmia avosetta foi descoberto no mesmo dia, por uma rara coincidência, por equipes da Turquia e do Irã, onde esta espécie é mais abundante. “Foi em absoluta sincronia que descobrimos este comportamento incomum”, revelou Rozen.
O curador do museu nova-iorquino e a sua equipe estavam trabalhando perto de Antalya, na Turquia, enquanto o outro grupo também se encontrava em campo, na província de Fars, no Irã. Os investigadores, de ambas as equipes, descreveram o comportamento destas abelhas na edição de fevereiro de 2010, da revista American Museum Novitates.
As abelhas são os polinizadores mais importantes, e muitas plantas floríferas dependem delas para se reproduzirem, mas quase 75 por cento das espécies – e existem pelo menos 20 mil – são solitárias. As fêmeas Osima (Ozbekosima) avoseta envolvem as ninhadas com pétalas de rosa, flores amarelas, azul e roxo. As celas do favo fornecem nutrientes para as larvas crescerem e protege-as, enquanto esperam pelo inverno.
Isto significa que, para a maioria das abelhas, a fêmea constrói o ninho (que pode ser constituído por várias células) para si e para fornecer provisões para a ninhada. Quando o favo está pronto, a abelha deposita um ovo e fecha o ninho, se este tiver apenas uma célula. Geralmente, o ninho da Osmia avosetta tem uma ou duas células, na vertical, próximas da superfície, ou entre 1,5 e 5 centímetros perto do solo.
A construção é iniciada a partir do topo, onde cada célula tem pétalas sobrepostas, começando na parte inferior. Depois, recorre a um barro argiloso para forrar o ninho, com emplastros de camada fina (0,5 milímetro de espessura) e termina o revestimento com outra camada de pétalas. No final, aparece a sanduíche de pétala, construída no escuro.
Proteger futura geração
Depois de a estrutura física estar finalizada, a abelha reúne então uma mistura pegajosa de néctar e pólen e coloca-a no interior. O ovo é depositado na sua superfície, e a célula é fechada cuidadosamente, dobrando as pétalas no topo. O ninho é tapado com lama, deixando as larvas seladas num ambiente húmido que se vai tornando rígido e protegendo a futura geração, uma vez que come as rações, tece um casulo, e cairá num sono de dez meses até a primavera.
No entanto, os cientistas alertam que os ninhos encontrados, em chão aberto, “precisam ser protegidos de qualquer potencial ameaça, como a compactação do solo ou aquecimento excessivo. A sobrevivência desta espécie depende também da proteção contra fungos, vírus, bactérias, parasitas e predadores”.
Fonte: Ciência Hoje