Há quem afirme que simplesmente não tem um instinto maternal ou paternal, mas a raposa Hope é o caso oposto. Resgatada por centro de reabilitação, ela adotou três filhotes órfãos, permitindo que os pequenos tenham a chance de serem libertados na natureza quando crescerem.
Hope foi encontrada ao pé de uma estrada e levada para o Newhouse Wildlife Rescue, em Massachusetts (EUA), pelo controle de animais. “Estava num estado muito complicado”, relatou Jane Newhouse, diretora do centro de reabilitação, em entrevista ao GeoBeats. A raposa desenvolveu doença vestibular canina, uma condição que causa perda súbita de equilíbrio em canídeos. Após seis meses de cuidados, os sintomas melhoraram.
Foi então que o abrigo recebeu três filhotes órfãos, vindos de situações diferentes. A equipe tentou criá-los separadamente, mas a tarefa se mostrou “muito difícil”, segundo Newhouse. “Sem um adulto da mesma espécie, é complicado ensiná-los como agir”, explicou.
Além disso, o contato excessivo com humanos poderia prejudicar sua readaptação à vida selvagem.
Após a quarentena, os filhotes foram colocados em um recinto próximo ao de Hope. A princípio, a equipe temia apresentá-los, pois a raposa poderia estranhá-los. “Era demasiado arriscado”, admitiu Newhouse.
No entanto, Hope e os filhotes começaram a escavar a terra, tentando se aproximar. “Estavam a tentar chegar uns aos outros desesperadamente”, contou a fundadora.
Após uma semana de observação, a equipe decidiu uni-los. Hope usou uma focinheira no primeiro encontro, mas rapidamente mostrou que não seria necessária. “Não rosnou, não mostrou medo, e todas os filhotes ficaram entusiasmadas imediatamente”, disse Newhouse.
A raposa, que parecia procurar algo para focar após tanto tempo sozinha, assumiu o papel de mãe. Em poucos dias, os pequenos já demonstravam medo de humanos — um sinal positivo para sua futura soltura. “Com uma figura maternal que instintivamente tem medo de pessoas, eles aprendem a ser como ela”, explicou a cuidadora.
Hope esperava os filhotes terminarem de comer antes de se alimentar e os protegia enquanto dormiam. “Eles puxam-lhe a cara, e puxam-lhe as orelhas, e ela é muito paciente”, descreveu Newhouse. “Podia ter sido a decisão errada, mas olhando para trás, valeu a pena.”