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INVESTIGAÇÃO

Racha de charrete: cavalos são explorados e vidas colocadas em risco em corridas clandestinas pelo Brasil

31 de março de 2025
2 min. de leitura
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Foto: Reprodução

A morte de Thalita Rochino de Souza, 38 anos, atropelada por uma charrete durante um racha em Itanhaém (SP), escancarou uma prática criminosa que coloca animais e pessoas em perigo. O caso, ocorrido em 23 de março, evidencia a crueldade das corridas clandestinas, que se espalham pelo país impulsionadas por redes sociais e pela falta de fiscalização.

Imagens exclusivas mostram duas charretes em alta velocidade na praia, onde Thalita pedalava com uma amiga. Ela foi atingida de frente e morreu dois dias depois. O condutor não prestou socorro. O principal investigado, Rudney Gomes Rodrigues, 31 anos, e sua esposa, Karina, mantinham um perfil digital onde exibiam vídeos das corridas – apagado após o crime.

“Eles fugiram como covardes. Queremos justiça”, desabafa Valdomiro Pereira dos Anjos, marido de Thalita. A família pede que o caso seja tratado como homicídio doloso, já que os envolvidos tinham consciência dos riscos.

Essas corridas ocorrem com frequência em praias e estradas de São Paulo e Paraná, sempre marcadas pela violência contra os animais. Cavalos são forçados a correr a mais de 60 km/h, sofrendo fraturas, lesões e exaustão. “É tortura. Muitos morrem ou ficam incapacitados”, denuncia o veterinário Maurice Gomes Vidal.

Um cavalo resgatado pela ONG Abraço Animal precisou de oito meses de reabilitação após ser explorado nesses rachas. “Não são máquinas. São seres vivos tratados como objetos”, critica um ativista.

Apesar da ilegalidade, as prefeituras de Itanhaém, Peruíbe e Pariquera-Açu (SP) admitem que as fiscalizações são pontuais. Em São Vicente, onde banhistas dividem a praia com charretes, a prefeitura promete “intensificar as ações”. No Paraná, uma única operação recente prendeu envolvidos.

Enquanto isso, famílias lidam com perdas evitáveis. Thalita deixou uma carta ao marido: “O que quer que o futuro nos traga, você sempre será minha luz”. Já os cavalos, sem voz, continuam sendo explorados, maltratados. A tração animal deve ser proibida em todo o país.

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