Estratégia de administração de dez anos tem como alvo o combate da perda de habitats e diminuição da vida selvagem do mais antigo parque nacional do Quênia. O parque nacional mais antigo do Quênia, que está ameaçado pela perda de habitat, diminuição de espécies selvagens e desenvolvimentos de infraestrutura governamental, está no centro de uma nova discussão sobre seu futuro.
Criado durante uma proclamação colonial em dezembro de 1946, o Parque Nacional de Nairobi de 116 m² é o único santuário no mundo onde animais selvagens andam livremente próximos a uma metrópole movimentada. Sua saúde ecológica é uma indicação dos esforços do país em preservar a vida selvagem, que desaparece aos poucos.
Entretanto, os conservacionistas temem que o parque está perdendo rapidamente seu lugar como um habitat crítico para a vida selvagem, com algumas espécies tendo o declínio de 70% nos últimos 40 anos, de acordo com o Kenya Wildlife Service (KWS), que administra os parques nacionais do país.
Uma migração de 30.000 gnus que acontecia durante os anos 60 colapsou, com somente 200 que sobraram no parque, enquanto a população de zebras-de-Burchell caiu de 1.400 para 800 entre 2010 e 2019. O parque também é o lar de quase 100 girafas-masai, atualmente na lista vermelha de espécies ameaçada da International Union for Conservation of Nature.
A pressão para expandir a infraestrutura criou um conflito entre a conservação e os interesses socioeconômicos. Nos últimos oito anos, o KWS cedeu à pressão de outros departamentos do governo e autorizou firmas chinesas a construir novas rodovias e estradas de ferro pelo parque.
Um relatório de 2015 descreve a deterioração do parque em face das atividades humanas como “um perigo a preservação da vida selvagem da área” e delineou as ameaças causadas por espécies invasivas que sufocam a capacidade regenerativa de espécies indígenas e reduz os recursos forrageiros para animais selvagens. No ano passado, o Centre for Agriculture and Bioscience International reportou que as espécies invasivas são “um problema sério e crescente” pelo Quênia.
Entretanto, a perda da área dispersa da vida selvagem é talvez a maior ameaça contra a sobrevivência do parque. As comunidades que moram nos limites sul do parque são tentadas pelos preços altos para vender partes de suas extensões de terra grandes e abertas, para construção de casas.
“É verdade que o parque está sob imensa pressão”, diz o Dr. Patrick Omondi, diretor de biodiversidade, pesquisa e planejamento no KWS. “O preço por terras das áreas dispersas do parque continua a subir. Infelizmente, a terra está sendo vendida para forasteiros que não possuem o mínimo de interesse em conservação”.
Confrontado pela diminuição da vida selvagem e o número de visitantes, e o crescimento da indústria e estabelecimentos humanos por todos os lados, o KWS desenhou um plano de administração de dez anos com a esperança que salvará o parque do colapso total. Mas o plano abriu um novo campo de batalha entre as autoridades da vida selvagem e grupos de conservação, com o último acusando o governo de não consultar adequadamente as comunidades que moram em terrenos adjacentes ao parque.
O plano inclui uma proposta de construir cercas em volta de grandes extensões de terras nos limites sul do parque. Atualmente, o parque é cercado somente no leste, norte e oeste – onde são fronteiras diretas com subúrbios densamente populados. O governo espera que a cerca estendida manterá os animais perigosos fora dessas áreas, reduzir o conflito de humanos com a vida selvagem e reduzir os pedidos de indenização.
Entretanto, em junho a comunidade Maasai que reside ao sul do parque se encontrou com representantes de algumas agências de conservação, para pedir que a opção de cercamento seja arquivada. Eles dizem que as novas cercas bloquearão a última rota de migração para os animais no parque.
O lar do maasai idoso de 60 anos William Ole Kompe está dentro da conservação que faz fronteira com o parque. Ele disse na reunião que se opõe a qualquer movimento que visa a separação de sua comunidade dos animais dentro do ecossistema de Nairobi. “Não haverá cercados no nosso lado”, ele contou ao pequeno grupo por um interprete. “Se isso acontecer, irei liderar um protesto que se opõe a medida. Nós sempre moramos juntos com os animais selvagens. Por que nos separar agora?”
A coordenadora de programa na Wildlife Foundation, Nkamunu Patita, argumenta que a área ainda poderia ser salva com incentivos aos donos de terra. “O governo soube do problema da área há 40 anos”, diz ela. “Eles podiam ter comprado a terra adjacente ao parque quando era barato e manter ela aberta. Se isso não era possível, eles podiam ter dividido o rendimento do parque com a comunidade, assim eles não venderiam a terra para forasteiros.”
Patita nasceu e foi criada na área quando a vida selvagem era abundante. Antes de 1946, a terra onde fica o parque era pastagem para a comunidade local Maasai. O nome Nairobi é Maasai para “lugar para águas frias”, enquanto muitos outros pontos dentro do parque mantiveram seus nomes Maasai.
“Nosso modo de vida sempre andou junto com a conservação da vida selvagem. Se eles (KWS) cercarem essa comunidade, quem cuidará dos animais? O rio Mbagathi River forma uma fronteira entre a comunidade e o parque. Se o rio for cercado para dentro da área, a comunidade não conseguirá fazer uso da água, enquanto cercá-lo para fora significa que não será acessível para os animais dentro do parque. Nós precisamos ser consultados mais vezes antes da implementação final do plano”, diz ela.
A administradora executiva chefe no Wildlife Direct, Dr. Paula Kahumbu, diz que o motivo para o Quênia ainda possuir vida selvagem, que vagueia livremente, é devido a retenção de corredores migratórios. Em Botswana, onde foi construído cercas para impedir que animais selvagens espalhem doenças para animais criados para a produção de bife, os animais selvagens que tentaram migrar a procura de água morreram, alguns depois de se enroscarem na cerca.
“Os animais selvagens seguem os padrões da chuva. Quando há chuvas nas áreas dispersas, eles se mudam do parque e retornam durante a temporada de seca,” diz ela. “O Quênia precisa de um habitat diverso desde que pesquisas mostraram que algumas espécies, como os rinocerontes, não podem procriar em um lugar concentrado. Se cercarmos os animais, apenas algumas espécies irão florescer enquanto outras, como os gnus orientais que entram e saem do parque, podem se tornar extintos.”
Omondi tem procurado tranquilizar os conservacionistas, dizendo que o plano de administração é um documento “vivo” e um guia durante a fase de implementação das propostas finais. “O rascunho diz que o cercamento será gradual e, de qualquer forma, não será feito até que o estudo ecológico seja feito para mostrar que as parcelas de terra remanescentes são compatíveis com a conservação a longo prazo da vida selvagem”, diz ele. “Na verdade, é somente pela comunidade que podemos conquistar um lugar para a vida selvagem do Quênia e é de nosso interesse que a terra da comunidade seja compatível com a conservação da vida selvagem”.
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