Incêndios florestais têm atingido o Sul de Minas Gerais trazendo prejuízos ambientais um após o outro. De janeiro a julho deste ano já foram registradas 2,4 mil ocorrências, levando à morte de animais, e obrigando outros a migrarem para ambientes urbanos em busca de alimento. Este é um exemplo do desequilíbrio ambiental causado pelas queimadas, que pode levar animais à extinção.
As queimadas no Sul de Minas são mais intensas no período de julho a setembro, segundo o Corpo de Bombeiros. Em entrevista ao portal G1, a bióloga Ana Bárbara Barros, de Pouso Alegre, diz que as queimadas são prejudiciais não só à fauna e à flora, mas também aos humanos. Ela acredita que grande parte dos incêndios que estão ocorrendo são criminosos, já que incêndios naturais são raros.
Ainda segundo Ana Bárbara Barros, esses incêndios criminosos geralmente são frutos da prática agropecuária, e costumam começar em 5 pontos diferentes ao mesmo tempo em que se espalham. Já os incêndios naturais podem acontecer quando raios caem e as fagulhas se espalham, até atingirem a vegetação.
Os mamíferos como macacos, lobo-guará, jaguatirica, puma e cachorros do mato, são os primeiros a serem atingidos pelo fogo, e animais rastejantes como a cobra são atingidos logo depois. A bióloga explica que áreas de preservação podem levar até 100 anos para serem restabelecidas, atingindo os animais de forma direta e consequentemente levando-os à extinção.
A fauna pode ser atingida de forma direta e indireta. Se o ecossistema for alterado, o animal vê-se obrigado a buscar alimento em outro local, como em áreas urbanas, colocando-se em perigo. Como no caso do ouriço que foi encontrado na rodovia e resgatado pela bióloga, o animal estava provavelmente fugindo do seu habitat natural em busca de alimento para garantir sua sobrevivência. Ana Bárbara explica que o contato direto com a fauna silvestre pode trazer o risco de doenças para ambas as partes. Há a chance de patógenos serem transmitidos de um para o outro, e vice-versa.
Outro caso parecido aconteceu em uma fazenda em Guaxupé, MG. O radialista Marco Aurélio Felito, que está acostumado a encontrar os animais por perto de casa, deu de cara com lobos guará no seu quintal. No dia do encontro, as chamas atingiram a vegetação perto de sua fazenda. Segundo ele, o filho dos lobos morreu na queimada que durou duas noites e 3 dias, e só foi possível ajudar os animais no primeiro dia devido a proporção do fogo.
Os incêndios florestais que ocorrem no Sul de Minas podem ter impacto direto na Amazônia. De acordo com a bióloga Ana Bárbara Barros, existe uma perspectiva de que as queimadas alterem o regime de chuvas na América do Sul, assim como a derrubada da Amazônia, que tem impacto direto em Minas.
Para Ana Bárbara Barros, somente através de conscientização é que pode-se combater as queimadas. E quanto a ajudar aos animais, a população pode oferecer frutas e água para ajudar na recuperação deles, em áreas próximas às unidades de preservação.