EnglishEspañolPortuguês

INCÊNDIOS FLORESTAIS

Queimadas em SP subiram 13 vezes em um ano e atingiram área maior que o DF

2 de fevereiro de 2025
Victoria Bechara e Rafael Neves
4 min. de leitura
A-
A+
Ribeirão Preto ficou com o céu coberto de fumaça em agosto. Foto: Guilherme Veiga/Estadão Conteúdo

O estado de São Paulo teve, no ano passado, uma área queimada 13 vezes maior do que em 2023. Os incêndios, que tiveram seu auge em agosto e setembro, atingiram uma área maior que a do Distrito Federal, ou quatro vezes a cidade de São Paulo.

O que aconteceu

A área queimada no estado de São Paulo foi de 6.163 km² no ano passado. O número representa um aumento de 1.235% em relação a 2023, quando 461 km² haviam sido incendiados. Os números são do monitor do fogo da plataforma Mapbiomas, que coleta dados sobre as queimadas desde 2019.

São Paulo foi o estado que mais aumentou a área queimada entre 2023 e 2024. O crescimento de 1.235% no período foi bem superior aos dos que vêm em seguida no ranking: Mato Grosso do Sul (268%), Mato Grosso (198%) e Minas Gerais (151%).

Mais de 80% da área queimada em São Paulo foi incendiada em agosto. Naquele mês, várias regiões do estado conviveram com céu alaranjado, nuvens de fumaça e rodovias interditadas, entre outros transtornos. Em setembro o fogo queimou outros 10% do total registrado no estado em 2024, e a intensidade caiu a partir de outubro.

Especialistas veem falta de preparação. O Anuário Estadual de Mudanças Climáticas, publicado nesta quinta-feira (30) pelo CBC (Centro Brasil no Clima) e pelo ICS (Instituto Clima e Sociedade), aponta que 15 estados do país ainda não têm plano de adaptação às mudanças climáticas. Segundo o relatório, São Paulo está com o plano em fase de elaboração.

“É de chamar atenção que o estado mais rico do país não teve um plano emergencial que respondesse à altura do desafio imposto por esses incêndios. Quando se começa a observar um ano atipicamente seco, é fundamental ter preparação e capacidade de resposta a esses eventos”, disse William Wills, diretor de projetos do Centro Brasil Clima.

“A situação é alarmante, pois as queimadas estão comprometendo a biodiversidade dos biomas e o equilíbrio climático do país. Para tentar combater essa situação, foi criada a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, em 2024, a qual prevê esforços conjuntos do governo federal, estados e municípios.” – Anuário Estadual de Mudanças Climáticas

Brasil queimou área maior que a Itália em 2024

O Brasil teve 308.658 km² queimados no ano passado, segundo o Mapbiomas. A área incendiada é maior do que a de 18 estados brasileiros e superior à de países como Itália e Equador. Em 2023, a área total queimada no Brasil tinha sido de 172.342 km², ou seja, o aumento no ano passado foi de 79%.

O campeão de queimadas no ano passado foi o Pará. Segundo dados do MapBiomas, o estado teve 73.836 km² incendiados, área semelhante à do Panamá ou da Irlanda. Em seguida aparecem Mato Grosso (68.911 km² queimados), Tocantins (27.812 km²) e Roraima (25.170 km²).

Por outro lado, a taxa de desmatamento diminuiu. De 2023 para 2024 houve redução na taxa de desmatamento em todos os estados, com exceção de Tocantins e Ceará, que aumentaram em 1% e 6%, respectivamente, as áreas desmatadas.

Estados sem plano de adaptação às mudanças climáticas

Segundo o Anuário, 15 estados brasileiros não têm planos de adaptação às mudanças climáticas. São eles: Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Sergipe.

Os que possuem esse tipo de planejamento são: Acre, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Outros quatro estados estão elaborando ou tem previsão de divulgação dos planos. São eles: Ceará, Pernambuco, São Paulo e Tocantins.

A Lei nº 14.904, sancionada em 2024, estabelece diretrizes para a elaboração de planos de adaptação às mudanças climáticas. Isso inclui a identificação e avaliação de riscos, gestão e redução de riscos climáticos, e a integração de estratégias de mitigação e adaptação. “Assim, os planos devem também incluir instrumentos de políticas públicas, estudos de vulnerabilidade e sinergia com políticas de defesa civil, garantindo uma abordagem abrangente e eficaz para enfrentar os impactos das mudanças climáticas, o que nem sempre acontece”, diz o Anuário.

Apesar disso, quase todos os estados tem uma política estadual de mudanças climáticas, que define o conjunto de ações que devem ser tomadas para combater o problema. Exceto o Amapá, Minas Gerais e Rio Grande do Norte, que afirmam estar elaborando ou revisando as normas sobre o tema.

Fonte: BOL

    Você viu?

    Ir para o topo